De conta da internet de filho de Lula a carga para caneta Montblanc; os abusos no cartão corporativo
O ESTADÃO
BRASÍLIA - Não é de hoje que ocorrem abusos nos gastos com cartão corporativo, um meio de pagamento criado pelo governo para pagar despesas diárias com mais agilidade. Muito antes de a gestão do presidente Jair Bolsonaro usar o cartão para pagar até sorvete, o petista Luiz Inácio Lula da Silva foi acusado de também colecionar, em seu primeiro mandato, casos de descontrole nos gastos. O mesmo aconteceu com a gestão do tucano Fernando Henrique Cardoso.
Em 2008, o Congresso criou uma CPI mista e as investigações viraram uma troca de acusações entre a oposição ao governo e os petistas que denunciavam abusos também durante do governo do PSDB. O relatório final da CPI Mista dos Cartões Corporativos, elaborado pelo deputado petista Luiz Sérgio, levantou suspeitas sobre o uso do cartão na gestão tucana. A oposição apresentou voto em separado destacando pontos que não foram incluídos no texto final, como o registro de pagamento de uma conta de internet de Fabio Luís Lula da Silva, filho de Lula, no valor de R$ 112,11.
Documentos enviados ao Senado em 2008 mostram que, na época, o cartão corporativo tinha sido usado para a compra de cargas para caneta Montblanc de ministros, aquisição de lupas, guarda-chuva, isqueiros e revistas. A utilização do meio de pagamento para esse tipo de despesa não era considerada irregular, porque há previsão de que o cartão serve para bancar gastos pessoais de autoridades, principalmente do presidente da República.
Quando era ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, as contas do governo mostram que o cartão foi usado para comprar um guarda-chuva para ela. Para a então primeira-dama Marisa Letícia foram compradas edições das revistas “Caras”, “Nova” e “Claudia”.
Ministro das Relações Institucionais no segundo mandato de Lula, Walfrido dos Mares Guia precisou trocar a carga de canetas Montblanc. Os dados do cartão mostram que a recarrega, em caráter de urgência. O produto foi adquirido na “Feira dos Importados”, um galpão com estandes de produtos vindos do Paraguai. Na época, gastou R$ 210 na compra das cargas da caneta tinteiro.