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Temer escrutina gastos de Dilma no Planalto

Temer assumiu a Presidência da República, interinamente, no dia 12 de maio
Temer assumiu a Presidência da República, interinamente, no dia 12 de maio

 

A equipe do presidente em exercício Michel Temer pretende concluir neste mês um levantamento para rebater as acusações e críticas que ele vem recebendo do PT e de setores aliados ao partido nos movimentos sociais e na classe artística. No limite, a auditoria feita pela nova administração pública do País tentará demonstrar que a presidente afastada Dilma Rousseff praticou “malversação de recursos públicos”, o que é crime conforme a lei.

Nesta segunda-feira, Temer concede uma entrevista coletiva para fazer uma prestação de contas do que encontrou, porém ele não deverá abordar esse tipo de gastos e se concentrará apenas na análise do cenário mais amplo das finanças do País. Segundo o ministro Geddel Vieira Lima, será “uma satisfação” dada à sociedade de como o governo em exercício encontrou a administração pública, mas sem revanchismo. “Não é um inventário com espírito revanchista”.

O “inventário revanchista”, no entanto, vem sendo preparado, conforme apurou o Estado. Esse escrutínio abrange os gastos diretos da Presidência da República, incluindo despesas do governo federal realizadas por meio do cartão de pagamento do governo, o chamado “cartão corporativo”. A título de ilustração, só em 2014, último ano do primeiro mandato de Dilma, o núcleo administrativo ligado diretamente à presidente gastou R$ 747,6 milhões.

A análise dos gastos, no entanto, não se limitará à Presidência. Já foram encontrados indícios do mau uso do dinheiro público pela gestão petista em áreas como educação, cultura e gastos do governo federal no exterior. Editais e licitações serão revirados. Estão na mira ainda publicidade e comunicação. Nesses setores, no entanto, a auditoria informal está longe de terminar.

Foco. A equipe de Temer também está passando um “pente-fino”, nas palavras de um assessor do presidente em exercício, nas despesas do Palácio do Planalto com a realização de eventos oficiais que acabaram se transformando em atos de defesa do mandato de Dilma, neste ano e em 2015.

Gastos com viagens, hospedagens e despesas pessoais de integrantes da antiga gestão e com convidados de Dilma são outros alvos da apuração, que está sendo mantida em sigilo. Oficialmente, o governo Temer nega que esteja escrutinando as contas da gestão Dilma, mas um ministro confirmou ao Estado a iniciativa. Segundo ele, a medida só foi determinada após o que o presidente em exercício considerou ser um ataque frontal e desleal aos primeiros dias de seu governo interino e ao País com a série de entrevistas de Dilma a veículos de comunicação estrangeiros.

Para Temer, Dilma diminui a imagem do Brasil e joga contra a recuperação do País ao propagar a ideia de que a governo interino é fruto de um golpe contra as instituições apenas para defender seus interesse pessoal.

Reservadamente, o núcleo mais próximo de Temer, dentro e fora do governo, avalia que Dilma e setores do PT desprezaram os sinais feitos por eles de que não promoveria uma retaliação ou uma “caça às bruxas” à gestão da petista.

Ainda não há consenso dentro do governo interino se o resultado da autoria deve ser divulgada e de que maneira. Uma corrente importante defende a estratégia de que Temer deve centrar forças na recuperação da economia e ignorar os ataques de Dilma e do PT.

No entorno do presidente em exercício, a tendência é para que ele evite na entrevista de amanhã termos com “herança maldita”, numa referência à situação encontrada. A avaliação é de que esse termo está intimamente ligado à maneira como os governos petistas se referiam aos anos FHC.

Cultura e vitrines. Na área da cultura, Temer quer que o novo secretário nacional do setor, Marcelo Calero, levante todos os gastos do antigo MinC com projetos, patrocínios e diárias. O presidente interino busca munição contra as acusações da classe artística de que promove uma desmanche de projetos e de políticas públicas.

Uma das missões de Calero é demonstrar que os recursos do antigo MinC eram desperdiçados e direcionados a um grupo de artistas e produtores privilegiados pela antiga gestão.

Cortes foram feitos. Um ex-ministro de Dilma ouvido pela reportagem afirmou que a própria presidente afastada já reduziu neste ano os gastos diretos da Presidência e que a auditoria de Temer tem por objetivo intimidar e denegrir Dilma.

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