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Novo ministro da Educação prevê foco em alfabetização, verba para universidade e exalta Paulo Freire

Por Renata Cafardo / o estadão

 

Com um discurso que ao mesmo tempo enalteceu o educador Paulo Freire e um ensino “meritocrático”, o ministro da Educação, Camilo Santana (PT), tomou posse nesta segunda-feira, 2, em Brasília. O ex-governador do Ceará afirmou que a alfabetização de todas as crianças do País será sua prioridade nos primeiros cem dias, citando como exemplo as experiências exitosas do Estado nordestino. “Apenas um terço das nossas crianças (no Brasil) sabe ler e escrever na idade certa. Isso compromete todo o ciclo evolutivo da educação”, afirmou.

 

No auditório lotado, Camilo recebeu um pin como símbolo da posse das presidentes da União Nacional dos Estudantes (UNE), Bruna Brelaz, e da União Brasileira de Estudantes Secundaristas (Ubes), Jade Beatriz. Isso porque o ex-ministro da gestão de Jair Bolsonaro (PL), Victor Godoy, não compareceu à transmissão de cargo, como é praxe. “Vamos construir uma grande pactuação nacional com Estados e municípios, a educação não se transforma de um dia para noite, é um processo de continuidade, meritocrático”, afirmou aos jornalistas.

 

Camilo Santana (centro) durante cerimônia de posse em Brasília
Camilo Santana (centro) durante cerimônia de posse em Brasília Foto: Renata Cafardo/Estadão

A meritocracia, também citada no discurso, é criticada por parte do PT, que discorda de um ensino que busque bom desempenho em avaliações, como foi feito no Ceará e em outros Estados considerados exemplos de escola pública de qualidade no País. Em seu discurso, Camilo lembrou vários dados dos resultados do Ceará, como o fato de que 87 das 100 escolas mais bem posicionadas no ranking do Índice de Qualidade da Educação (Ideb), principal indicador do MEC, serem do Ceará.

Estavam presentes os governadores de vários Estados do Nordeste, o ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, a da Saúde, Nísia Trindade e os ex-ministros da Educação, Renato Janine Ribeiro, Cristovam Buarque, Cid Gomes e Henrique Paim. Camilo foi aplaudido várias vezes em seu discurso ao falar da valorização dos professores e das universidades federais, que sofreram sucessivos cortes de verba durante o governo Jair Bolsonaro.

“Pretendo reforçar o orçamento das nossas universidades, que foram sucateadas no último governo, com uma visão equivocada, distorcida, de viés ideológico. A universidade precisa ser um espaço democrático, livre, que estimule a criatividade, a liberdade de expressão e um olhar mais solidário e humano”. Questionado, o ministro disse que ainda está analisando nomes para sua equipe. Um dos mais esperados é o da presidência do Instituto Nacional de Pesquisas e Estudos Educacionais (Inep), responsável pelo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e outras avaliações.

Para o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), responsável pela execução dos programas como merenda, livros didáticos e alvo dos escândalos dos pastores do MEC, Camilo escolheu a economista Fernanda Pacobahyba. Ela foi secretária da Fazendo do Ceará durante quatro anos e é servidora pública de carreira. O FNDE, órgão que costuma ser cobiçado por políticos do centrão, administra os recursos que são destinados às prefeituras para construção de escolas e creches, por exemplo.

A ex-governadora do Ceará Izolda Cela já foi anunciada como secretária executiva, cargo que a coloca como a número 2 no MEC. Uma das responsáveis pela política educacional de sucesso do Ceará, ela foi ovacionada no evento de posse ao ser mencionada por Camilo. O ministro da educação de Lula (PT) terminou seu discurso com uma frase de Paulo Freire, patrono da educação e alvo preferencial de ataques do ex-presidente Bolsonaro e seus apoiadores. “Ninguém liberta ninguém, ninguém se liberta sozinho. Os homens se libertam em comunhão”.

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