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Brasil passa de 207,7 milhões de habitantes, diz IBGE; veja quais são os Estados mais populosos

Por Vinicius Neder / O ESTADÃO

 

Brasil tem 207.750.291 habitantes, mostra estimava da população, calculada com dados prévios do Censo 2022. Os dados foram entregues pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), responsável pelo Censo, ao Tribunal de Contas da União (TCU) nesta quarta-feira, 28. Após sucessivos atrasos, os primeiros números definitivos deverão ser conhecidos apenas em março próximo, segundo a previsão mais recente informada pelo IBGE.

 

Conforme as estimativas, que usaram dados coletados até 25 de dezembro, a Região Sudeste se manteve como a mais populosa do País, com 87.348.223 habitantes. Em São Paulo vivem 46.024.937 pessoas. Em Minas Gerais, segundo Estado mais populoso, vivem 20.732.660. No Rio, são 16.615.526.

 

O Nordeste tem 55.389.382 habitantes, segundo a estimava. Na Região Sul vivem 30.685.598, enquanto o Norte tem 17.834.762 habitantes e a Região Centro-Oeste, 16.492.326.

 

O número total de 207,8 milhões de habitantes ficou abaixo dos 213 milhões da estimativa de 2021, feita com base no Censo 2010. Segundo o diretor de Pesquisas do IBGE, Cimar Azeredo, essa diferença é “muito comum” e já ocorreu outras vezes. “No Censo de 1980, tínhamos um ‘Maranhão’ a menos”, afirmou Azeredo.

 

Segundo o diretor, eventuais problemas nos censos anteriores, as mortes causadas pela pandemia de covid-19 e a defasagem em relação ao Censo 2010 são alguns dos motivos por trás da diferença entre a estimativa de 2021 e a informada nesta quarta-feira, 28, com os dados prévios do Censo 2022.

 

Pelo calendário tradicional do IBGE, a mais completa pesquisa populacional do País é realizada a cada dez anos, com uma Contagem Populacional, mais simples, no meio do período, mas a atualização prevista para 2015 não foi feita, diante de restrições orçamentárias. Por causa da pandemia, o Censo 2020 foi adiado. Após sucessivos adiamentos e problemas orçamentários, a pesquisa foi finalmente confirmada para este ano.

 

“Temos de entender que estamos há 12 anos do Censo (anterior, de 2010), sem a contagem”, afirmou Azeredo, completando que “os dois anos de pandemia fazem diferença”.

 

Estimativas

As estimativas da população por município são entregues pelo IBGE ao TCU todos os anos. A informação é utilizada para o cálculo da repartição do Fundo Nacional de Participação dos Municípios (FPM), que repassa recursos federais às prefeituras, e para determinar as quantidades de vereadores e de deputados federais e estaduais em todo o País. Após a entrega ao TCU, as informações serão publicadas no Diário Oficial da União (DOU).

Normalmente, as estimativas são calculadas com base no Censo mais recente, utilizando modelos de crescimento populacional – como a de 2021, que apontava os 213 milhões de habitantes. O IBGE tinha a opção de entregar neste mês ao TCU uma estimativa populacional com base no Censo 2010, mas Azeredo garantiu que os dados com base na prévia do Censo 2022 são mais precisos.

Desde o início do processo, o IBGE vinha informando que haveria tempo hábil de usar os dados do Censo 2022 para informar o tamanho da população atualizado ao TCU no fim deste ano. Só que os atrasos se estenderam também para o período de coleta das informações, o trabalho de visitar cada domicílio do País. O IBGE agora prevê que terá as primeiras informações completas do Censo 2022 apenas em março, disse Azeredo. Os recenseadores ainda estão em campo, coletando as informações.

Segundo Azeredo, a estimativa foi calculada com dados de municípios já recenseados completamente e com imputações e estimativas estatísticas para as cidades onde a coleta está atrasada. Até a terça-feira, 27, o Censo 2022 contou 178,642 milhões de brasileiros em todo o País. Isso equivale a 83,8% da população total estimada.

Segundo Azeredo, a coleta das informações, iniciada em 1º de agosto passado, poderá se estender até pelo fevereiro, quando o instituto espera cumprir a etapa de verificação de informações coletadas, revisita a domicílios com moradores ausentes e a lares onde houve recusa de moradores, ou endereços que foram relatados pelos recenseadores como não ocupados. Esse trabalho servirá também para garantir a qualidade dos dados.

Conforme o IBGE, mais de 4 mil municípios já atingiram cerca de 99% da população estimada como recenseada. A coleta está mais atrasada, aquém dos 80%, em apenas 111 cidades, predominantemente de grande porte, como São Paulo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro.

Até a terça-feira, 27, os recenseadores já tinham visitado 87,786 milhões de domicílios. O recenseamento está mais avançado no Piauí, onde 96,8% da população estimada já foi recenseada, seguido por Santa Catarina (92,7%), Paraíba (92,2%), Sergipe (92,0%), Rio Grande do Norte (90,4%) e Alagoas (90,1%). Os Estados com a coleta mais atrasada são Amapá (73,3%), Mato Grosso (74,8%), Espírito Santo (75,8%) e São Paulo (76,1%).

Recenseadores

Desde o início dos atrasos no prazo para coletar as informações do Censo, o IBGE vem citando como um dos principais motivos para o problema a falta de recenseadores. Para os diretores do órgão, o mercado de trabalho aquecido tem diminuído o interesse de trabalhadores em potencial no emprego temporário de pesquisador – a operação do Censo exige a contratação temporária de em torno de 200 mil recenseadores, que têm a missão de visitar todos os domicílios do País.

Desde o início do trabalho de campo, têm sido registradas queixas de recenseadores sobre remunerações baixas e demora no pagamento. A dificuldade de recrutar e manter os recenseadores atuando na coleta forçou o instituto a prorrogar o trabalho, previsto inicialmente para se estender entre 1º de agosto a 31 de outubro.

IBGE já treinou quase 200 mil recenseadores, mas nunca alcançou o patamar necessário de trabalhadores efetivamente atuando em campo para cumprir o prazo de coleta previsto. Na terça-feira, 27, o IBGE informou que há cerca de 50 mil recenseadores em atividade nos diferentes Estados. Uma solução para a ausência de temporários foi deslocar trabalhadores de regiões recenseadas para outras que ainda precisavam de trabalho de campo. O instituto também firmou convênios com outros órgãos públicos para recrutar servidores como recenseadores.

O IBGE lançou ainda o Disque-Censo 137. Por meio do serviço, os moradores podem checar se alguém do domicílio já respondeu ao Censo e, caso contrário, podem agendar uma visita do recenseador à sua casa. A ligação para o número de telefone 137, disponibilizado pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) como serviço de utilidade pública, é gratuita e pode ser feita de telefone fixo ou celular.

O serviço já atende a municípios em todos os Estados, sendo disponibilizado de forma gradativa de acordo com o andamento da coleta em cada local. É possível checar no site do IBGE em quais municípios o Disque-Censo já está disponível.

Prévia da população calculada com base nos resultados do Censo Demográfico 2022 até 25 de dezembro de 2022:

São Paulo 46.024.937

Minas Gerais 20.732.660

Rio de Janeiro 16.615.526

Bahia 14.659.023

Paraná 11.835.379

Rio Grande do Sul 11.088.065

Pernambuco 9.051.113

Ceará 8.936.431

Pará 8.442.962

Santa Catarina 7.762.154

Goiás 6.950.976

Maranhão 6.800.605

Paraíba 4.030.961

Espírito Santo 3.975.100

Amazonas 3.952.262

Mato Grosso 3.784.239

Rio Grande do Norte 3.303.953

Piauí 3.270.174

Alagoas 3.125.254

Distrito Federal 2.923.369

Mato Grosso do Sul 2.833.742

Sergipe 2.211.868

Rondônia 1.616.379

Tocantins 1.584.306

Acre 829.780

Amapá 774.268

Roraima 634.805

Por regiões:

Sudeste 87.348.223

Nordeste 55.389.382

Sul 30.685.598

Norte 17.834.762

Centro-Oeste 16.492.326

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