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Brasil é exemplo de política estatal para energia solar e eólica, diz relatório global

Eduardo Cucolo / FOLHA DE SP
SÃO PAULO

Economistas e especialistas em política energética consideram que o investimento e a regulamentação estatal são fundamentais para reduzir rapidamente o custo das tecnologias limpas e da transição energética.

A conclusão faz parte do documento "Dez princípios para a formulação de políticas na transição energética: lições da experiência", lançado nesta quinta-feira (22).

O Brasil é citado em dois estudos de caso: os incentivos governamentais para energia eólica, responsável por 12% da matriz energética do país, e para energia solar fotovoltaica.

A publicação é parte do projeto Economia da Inovação Energética e Transição do Sistema (EEIST, na sigla em inglês), parceria entre instituições de pesquisa na Europa, Brasil, China e Índia, financiada pelo governo do Reino Unido e pela Children's Investment Fund Foundation.

No Brasil, participam Unicamp (Universidade de Campinas), UNB (Universidade de Brasília) e UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). Também estão no projeto as universidades de Cambridge e Oxford (Reino Unido).

"O relatório tenta apontar em que momentos o Estado poderia ser como agente orientador desse processo, direcionando o setor privado, a trajetória tecnológica dos diversos países em favor de tecnologias sustentáveis e limpas", afirma Andrea Cabello, da UNB, uma das responsáveis pelo documento.

Ela afirma que a maior parte dos países enfrenta muita dificuldade para fazer essa transição da maneira adequada. Esse não é o caso do Brasil, um dos países com a matriz energética mais limpa, mas que ainda pode avançar, por exemplo, na adoção de tecnologias eólicas e fotovoltaicas e mecanismos de geração distribuída.

Para os responsáveis pelo trabalho, políticas públicas podem levar a um crescimento tecnológico mais rápido e mais barato, do hidrogênio verde ao aço líquido zero, para reduzir as emissões e impulsionar as economias envolvidas.

O relatório faz uma análise da política energética global nas três últimas décadas e aponta experiências de sucesso, como energia eólica e energia solar fotovoltaica.

Para eles, os governos devem ir além de apenas fornecer um campo onde as tecnologias são deixadas para competir entre si. Devem usar investimento, impostos e regulamentação para acelerar a inovação e a redução de custos em tecnologias limpas, afirmam.

Com isso, espera-se que seja possível atrair investimentos privados, acelerar a inovação, criar empregos e reduzir os custos na transição de combustíveis fósseis para energia limpa.

A avaliação é que os sucessos da energia eólica, da energia solar fotovoltaica e dos veículos elétricos foram impulsionados por governos que identificaram e apoiaram diretamente essas tecnologias.

O relatório também mostra como o apoio direcionado a tecnologias que a análise econômica da época não recomendava acelerou a redução de custos e o crescimento econômico.

energia solar fotovoltaica, por exemplo, foi inicialmente criticada pelos economistas devido ao seu alto custo, mas subsídios e outras políticas aplicadas por países como Alemanha e China tornaram a energia solar fotovoltaica a fonte mais barata da história.

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