Busque abaixo o que você precisa!

Safra de grãos tem potencial para 308 milhões de toneladas em 2023

Mauro Zafalon / FOLHA DE SP
 
COLHEITA DE SOJA LODRINA PR
SÃO PAULO

O Brasil vai em busca, mais uma vez, de um volume de 300 milhões de toneladas de grãos. A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) divulgou, nesta quarta-feira (24), uma estimativa de potencial produção de 308 milhões.

Se confirmado esse volume, o país se consolida ainda mais na lista dos principais produtores mundiais de grãos, ao lado de China, Estados Unidos e Índia.

Soja e milho avançam em 2023. A produção da oleaginosa deverá subir para 150,4 milhões de toneladas, 21% a mais do que neste ano. A safra de milho poderá chegar a 125,5 milhões, 9,4% a mais do que em 2022.

 

O desempenho da próxima safra brasileira vai depender, porém, do comportamento do clima. Nos dois últimos anos, as previsões de produção não foram confirmadas devido a severas crises climáticas.

A safra brasileira de grãos sempre teve uma base firme em soja, milho e arroz, produtos que representam 92% do total de grãos.

Nas estimativas desta quarta-feira, a Conab fez previsões para soja, milho, arroz, feijão e algodão. A empresa ainda não tem as estimativas específicas para o trigo. Na safra atual e na próxima, porém, o cereal passa a ter uma representatividade maior na produção total de grãos. A produção deverá ser recorde, próxima de 10 milhões de toneladas.

aumento na produção de trigo ocorre devido aos crescentes investimentos feitos pela Embrapa na última década. Além de variedades novas, as pesquisas da empresa focaram também novas áreas, como o cerrado, obtendo adaptação e produtividade boas nessas regiões ao longo dos últimos anos.

O aumento da produção de grãos em 2023 ocorrerá não só pelo aumento de 2,5% na área, mas, principalmente, pela esperada evolução de 11% na produtividade média das lavouras. Esse desempenho vai depender do clima.

Na safra 2021/22, o país semeou 73,8 milhões de hectares com grãos. No período 2022/23 serão 75,6 milhões.

Soja e milho são os grandes responsáveis por esse aumento. Bons preços e demanda externa vão levar os produtores nacionais a aumentar a área de soja para 42,4 milhões de hectares no período 2022/23; a de milho será de 22,1 milhões.

O aumento de área dessas duas culturas vem sendo contínuo. Na safra 2019/20, tinham sido semeados apenas 36,9 milhões de hectares com a oleaginosa e 18,5 milhões com o cereal.

O Brasil já vinha perseguindo o patamar de 300 milhões de toneladas nas safras recentes, mas as mudanças climáticas frustraram esse objetivo. Isso ocorreu principalmente na safra 2021/22.

A Conab chegou a prever um volume de 291 milhões de toneladas para o período, enquanto avaliações do mercado indicavam um potencial superior aos 300 milhões.

Guilherme Bastos, secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, afirma que o país já tinha potencial para 300 milhões. Esse volume não foi obtido, mas, com os 2 milhões de hectares que serão acrescidos na safra 2022/23, esse objetivo poderá ser atingido, segundo o secretário.

No período 2020/21, a safra brasileira de grãos ficou 20 milhões de toneladas abaixo da projetada inicialmente, devido a uma quebra de 23 milhões na produção de milho.

A safrinha, produzida durante o inverno, foi afetada por seca intensa e geadas, ficando em 60 milhões de toneladas, bem abaixo dos 83 milhões previstos inicialmente.

Nesta safra, a 2021/22, foi a vez de a produção de soja ficar bem abaixo do esperado. A Conab chegou a prever uma safra de 143 milhões de toneladas, em dezembro do ano passado, mas revisou esse número para 124 milhões. Uma forte seca, principalmente na região Sul, afetou a produtividade da oleaginosa.

Os dados da Conab indicam, mais uma vez, a redução de área de plantio de produtos básicos, como arroz e feijão. Allan Silveira, superintendente de Estudos de Mercado e Gestão da Oferta da entidade, afirma que, apesar da redução de área, o abastecimento estará ajustado à demanda.

Essa redução de área ocorre devido à menor rentabilidade desses produtos, em relação aos exportáveis, como soja e milho.

A área de algodão volta a crescer e será de 1,63 milhão de hectares. Os aumentos de área em 1,9% e de produtividade em 2,9% vão elevar a produção do algodão em pluma para 2,9 milhões de toneladas, prevê a Conab.

A evolução da produção dá novo fôlego para as exportações em 2023. Serão 92 milhões de toneladas de soja, 44,5 milhões de milho e 2 milhões de algodão em pluma, segundo Silveira.

Para Sergio De Zen, diretor-executivo de Informações Agropecuárias e Políticas Agrícolas da Conab, esses números da agropecuária mostram um ambiente de negócios muito interessante do setor.

Compartilhar Conteúdo

444