Bolsonaro irá a Caruaru para São João que vai censurar artistas, diz prefeito
O São João de Caruaru, que vai censurar manifestações políticas dos artistas contratados, deve receber a visita do presidente da República, Jair Bolsonaro.
O anúncio foi feito pelo prefeito de Caruaru, Rodrigo Pinheiro, do PSDB, em entrevista à Rádio Cultura do Nordeste. A conversa, que ocorreu na última sexta-feira (13), foi transmitida pelas páginas da emissora nas redes sociais.
Pinheiro afirmou que faria o convite oficial a Bolsonaro nesta semana, mas que a presença do presidente já havia sido confirmada.
"Verbalmente, a notícia que a gente tem é que o presidente Bolsonaro vai vir, sim. Coincidentemente ou não, vai ser no dia que a Brucelose, a banda do ex-ministro Gilson Machato Neto, vai tocar. Tenho certeza que ele vem. Ele vinha para a Paixão de Cristo, não conseguiu vir, mas seus apoiadores estão esperando a visita em Pernambuco."
Machado Neto, que já foi ministro de Turismo de Bolsonaro, está sendo cogitado por aliados do presidente para o cargo de vice.
O governo federal informou à reportagem que a agenda de compromissos do presidente para junho ainda não está disponível.
A Prefeitura de Caruaru, cidade a 136 quilômetros do Recife, afirmou no edital de contratação de seus artistas que qualquer atração "que expresse conteúdo político de qualquer natureza" não seria contratada.
O edital afirma que o descumprimento da cláusula pode levar à rejeição da prestação de contas e, por consequência, à suspensão do cachê da apresentação.
Além dos artistas locais, boa parte deles inscritos por meio do edital, devem se apresentar na festa Luan Santana, Mari Fernandez, Felipe Amorim, Dorgival Dantas e Bell Marques.
O evento começa em 4 de junho e vai até 2 de julho. As apresentações principais serão divididas em matinês nos dias 11, 23, 24, 25 e 26.
A proibição surge cerca de um mês e meio após Pabllo Vittar ter mostrado uma toalha com o rosto do ex-presidente Lula e feito um sinal de "L" com a mão no palco do Lollapalooza, festival de música que ocorreu no último fim de semana de março em São Paulo.
A equipe do presidente Jair Bolsonaro questionou a organização do festival. Seu partido, o PL, acionou o TSE por suposta propaganda eleitoral irregular no evento, alegando que a legislação só permite campanha política a partir de 16 de agosto.
O tribunal acatou parcialmente o pedido e determinou multa de R$ 50 mil para o festival se houvesse outras manifestações a favor ou contra qualquer candidato ou partido no Lollapalooza. A produtora do evento, T4F, entrou com recurso e manteve a liberdade de expressão dos artistas.