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Eduardo Leite anuncia renúncia ao governo do RS e diz que fica no PSDB

Lauriberto Pompeu, Bruno Luiz, Camila Turtelli, Pedro Venceslau e Felipe Uhr, O Estado de S.Paulo

28 de março de 2022 | 10h45
Atualizado 28 de março de 2022 | 16h23

BRASÍLIA -  O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, anunciou nesta segunda-feira, 28, que permanecerá no PSDB e vai renunciar ao cargo. O tucano decidiu não aceitar convite feito pelo presidente do PSD, Gilberto Kassab, para disputar a Presidência da República pelo partido. "Não estou dando adeus, Estou me apresentando ao País", disse em entrevista coletiva na ala residencial do Palácio do Piratini, sede do governo gaúcho. "Não se trata de um projeto pessoal se não eu tinha escolhido um outro caminho que me foi oferecido."

Cercado de secretários, o governador não afirmou, no entanto, se tentará ser candidato ao Planalto pelo partido ou se vai concorrer a outro cargo nas eleições deste ano. A decisão sobre não migrar para o PSD foi comunicada ontem em um telefonema a Kassab.

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O governador do Rigo Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), vai deixar o cargo. Foto: Facebook/Governo RS

Antes do anúncio, Leite telefonou para o governador João Doria (SP) e disse que vai respeitar o resultado das prévias tucanas realizadas no fim do ano passado, em que os dois disputaram o posto de candidato do partido à Presidência da República. O gaúcho afirmou, no entanto, “não poder controlar o movimento de outros”. "(Leite) tomou a decisão certa ao ficar no partido. É a melhor decisão que um democrata pode ter", disse o governador paulista ao Estadão.  Apesar do tom conciliador, Doria descartou a possibilidade de Leite ser o candidato do PSDB ao Palácio do Planalto e afirmou que as prévias são irrevogáveis. "Só se revoga a democracia com um ato de força e autoritarismo", disse o tucano. 

Vídeo

Apesar de não ter externado de forma direta pretensões presidenciais, Leite exibiu um vídeo em que fala com tom de pré-candidato. Anunciou que vai viajar o Brasil para “engajar os jovens pelo voto” e que está “se apresentando”. Também pregou uma política feita “com mais tolerância”, em crítica à polarização no País, e que os partidos de centro criem uma alternativa ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL).

“A carta de lideranças tucanas me sensibilizou muito (a ficar no PSDB). É importante a gente lembrar as raízes, o caminho que me trouxe até aqui. [...] Minha escolha impacta mais que a minha vida, ela não muda apenas meu futuro. Por isso que ela foi tão demorada, tão ponderada. Me desincompatibilizo para onde meu partido mais precisar de mim. Vou renunciar ao poder para não renunciar à política”, afirmou no vídeo, exibido durante entrevista coletiva nesta tarde.

Após o anúncio de Leite, o PSDB publicou, em seu perfil no Twitter, ter  "orgulho da virada histórica que conduziu no Rio Grande do Sul". "Com diálogo, entendimento e coerência política, soube equacionar problemas gravíssimos que duravam décadas. O Estado segue agora equilibrado no caminho de mais prosperidade. Missão cumprida", afirmou o partido.

Articulação

Leite chegou a sinalizar que trocaria de partido, mas cedeu aos colegas do PSDB, que fizeram diversos apelos nos últimos dias para que ele permanecesse na legenda. Ao anunciar publicamente que continuaria no partido, o governador tratou a decisão como "Dia do Fico", em referência ao episódio em que D. Pedro I comunicou que não voltaria para Lisboa e permanecera no Brasil.

A articulação para que o governador não deixasse o partido foi conduzida por líderes tucanos, como o deputado federal Aécio Neves (MG) e o senador Tasso Jereissati (CE).

Apesar de Leite ter perdido as prévias da sigla para João Doria no ano passado, aliados do gaúcho tentam fazer com que ele seja a opção do partido para concorrer à Presidência. O Estadão/Broadcast mostrou que o objetivo é formar maioria para que o governador de São Paulo tenha a candidatura rejeitada na convenção partidária, o que impediria seu registro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Assim, Leite seria o indicado tucano para a campanha presidencial.

Tucanos avaliam, no entanto, que a manobra será difícil de ser aplicada. Aliados veem a articulação como tentativa de golpe contra a pré-candidatura de Doria e cobram do presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo, um posicionamento contundente em defesa do resultado das prévias presidenciais tucanas realizadas no ano passado.

No Twitter, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse que "as prévias do PSDB foram realizadas democraticamente". "Assim sendo, penso que devem ser respeitadas", afirmou FHC.

PSD

Kassab afirmou que o PSD ainda vai ter candidatura própria à Presidência e descarta apoiar outro partido no primeiro turno. Ele evitou mencionar nomes, mas nas últimas semanas o ex-governador do Espírito Santo Paulo Hartung (PSD) era citado por Kassab como alternativa presidencial junto com Leite. "Vamos iniciar agora a discussão, assim como foi com o Rodrigo Pacheco, com Eduardo Leite", disse ao Estadão.

É a segunda recusa que Kassab recebe para um convite de concorrer ao Planalto. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), era a opção anterior, mas decidiu não concorrer ao cargo e focar no comando da Casa Legislativa.

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