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Destruição de balsas de garimpo tem objetivo de inviabilizar instrumento do crime

André Borges, Enviado especial a Autazes (AM)

28 de novembro de 2021 | 17h44

O ato de destruir todas as balsas e dragas de garimpo ilegal encontradas pelos agentes da Operação Uiara, ao longo do Rio Madeira, não é uma medida de uso de força ou intolerância do aparato policial. O que se pretende com esse gesto, que é frequentemente criticado pelo presidente Jair Bolsonaro, é inviabilizar o maquinário utilizado para a prática do crime ambiental.

Com a ação, que tem previsão legal e é regulamentada, os agentes destroem as máquinas e evitam que estas voltem a ser utilizadas, de alguma maneira. O prejuízo financeiro causado aos donos dos equipamentos também é mais um reflexo desse tipo de medida, o que acaba retardando os planos dos empresários do garimpo de retomarem as operações.

Estadão acompanhou uma dessas destruições nas margens do Rio Madeira, na altura do município de Nova Olinda do Norte, por agentes da Polícia Federal. Ao abordarem a balsa, peritos da PF colheram itens pessoais deixados pelos garimpeiros e material retirado pelas dragas.

Rio Madeira PF
Operação da PF queima embarcações ilegais de garimpo que tomam Rio Madeira Foto: Policia Federal

A queima da estrutura é feita com o próprio combustível encontrado nas estruturas, que normalmente carregam grandes tanques de plástico com centenas de litros de gasolina. Em cerca de cinco minutos, o fogo se alastra e coloca tudo abaixo. Com o calor extremo, os equipamentos de ferro costumam dilatar, comprometendo uma nova utilização. Com o afundamento no leito do rio, torna-se item irrecuperável.

O recolhimento desse material também não costuma ser feito pelos agentes, dadas as difíceis situações logísticas nas quais são encontrados. O transporte do equipamento, além de ser complexo, também pode colocar os próprios agentes em novas situações de risco.

Centenas de garimpeiros subiram o Rio Madeira, sentido Humaitá, na última sexta-feira, 26, um dia antes de ser deflagrada a operação que reúne agentes da Polícia Federal, Ibama e Marinha, de vários Estados. Muitos garimpeiros abandonaram as balsas nas margens do rio e fugiram por ela.

Apesar da estrutura precária das balsas que diariamente é encarada pelos garimpeiros que operam os equipamentos – muitas vezes acompanhados de suas famílias –, geralmente estes não são os donos do equipamento. Trata-se, na maioria dos casos, de pessoal que presta serviços para terceiros que financiam a operação.

As balsas em si são baratas, por se tratar de estruturas feitas, basicamente, de madeira. O maquinário colocado sobre elas, porém, é equipamento pesado, com preço que pode oscilar de R$ 50 mil a R$ 1 milhão. Em alguns casos, estruturas mais bem equipadas chegam a ultrapassar esse valor, segundo os agentes policiais.

A operação policial iniciada na madrugada do sábado, 27, avança pelo Rio Madeira. Depois de dezenas de abordagens feitas na região de Autazes e Nova Olinda do Norte, no Estado do Amazonas, ela segue para o trecho do rio que corta o município amazonense de Borba.

Neste domingo, 28, duas pessoas foram detidas durante a abordagem policial. Elas estavam com ouro e foram encaminhadas à superintendência da Polícia Federal do Amazonas, em Manaus. Até este sábado, 27, pelo menos 31 balsas e 69 dragas, que são os equipamentos usados para sugar o leito do rio, tinham sido destruídos pela operação.

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