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Não quero desafiar ninguém, mas vão nos respeitar, diz Bolsonaro em dia de bate-boca e ameaças na CPI

Ricardo Della Coletta / FOLHA E SP
BRASÍLIA

No dia em que seu ex-secretário de Comunicação Fabio Wajngarten foi ameaçado de prisão por senadores da CPI da Covid, o presidente Jair Bolsonaro afirmou não temer "absolutamente nada" ​e disse que o governo "fez o que pôde" na crise sanitária.

"Essa pandemia realmente foi um castigo para o mundo todo, o governo fez o que pôde. Os que não fizeram nada, agora querem atrapalhar o governo. Acredito nas instituições, não temo absolutamente nada, e deixo bem claro: só Deus me tira daqui", declarou Bolsonaro, em cerimônia de lançamento de ações ambientais no Palácio do Planalto.

"Não queremos desafiar ninguém, respeito os demais, mas vão nos respeitar. Nunca tiveram, da minha parte, uma só sugestão, proposta, palavra ou ato para censurar quem quer que seja. Somos um país livre, direitos fundamentais são para serem respeitados", acrescentou.

A declaração de Bolsonaro ocorreu no dia em que a CPI toma o depoimento de Wajngarten​. A oitiva do ex-secretário até o momento foi tensa, com bate-boca e acusações de que a testemunha mentiu. Alguns senadores, entre eles o relator Renan Calheiros (MDB-AL), chegaram a pedir a prisão de Wajngarten.

 
 

Durante a CPI, o relator perguntou a Wajngarten qual teria sido o impacto das declarações negacionistas de Bolsonaro na população. O depoente respondeu: "Pergunte a ele". Senadores protestaram e chamaram de desrespeitosa a fala.

Em outra ocasião, mais tensa, Renan perguntou se o ex-secretário considerava o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello incompetente. Ele tergiversou, e então Renan disse que ele havia feito a afirmação à revista Veja. "Não chamei. A revista não diz isso e eu não chamei. Basta levar a revista", respondeu Wajngarten.

O presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), irritado com a postura do ex-secretário, rebateu. "Vossa excelência está confiando em quê, meu amigo? A gente se sente protegido quando tem um poder por trás da gente, depois a gente fica abandonado. Estou dando um conselho. Seja objetivo", afirmou Aziz.

Reservadamente, aliados de Bolsonaro avaliaram o depoimento de Wajngarten como negativo para o Planalto, devido às contradições e às dificuldades do ex-auxiliar em responder aos parlamentares.

O ponto que mais desagradou aliados de Bolsonaro foi a informação dada por Wajngarten​ de que a carta em que a Pfizer oferecia negociar doses de vacina ao Brasil ficou parada por ao menos dois meses no governo federal.

De acordo com interlocutores, essa informação tende a reforçar a imagem de que o governo Bolsonaro cometeu falhas nas negociações por imunizantes.

 

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