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A paciência acabou - O ESTADO DE SP

As principais associações empresariais do País exigiram publicamente que o Congresso aprove a destituição constitucional da presidente Dilma Rousseff. Em anúncio veiculado na terça-feira, sob o título “Impeachment Já”, os representantes do setor produtivo deixaram claro que a paciência com a incompetência da petista acabou. Mais do que isso: o propósito parece ser o de afirmar ao Brasil que, para os empresários, a crise econômica não será superada enquanto Dilma estiver no cargo.

Essa tomada de posição não interessa somente à classe dos empreendedores. O desastroso governo de Dilma está tirando o emprego de centenas de milhares de pessoas todos os meses, e os que têm a sorte de conseguir preservar sua vaga no mercado de trabalho sofrem com a redução da renda. Com isso, os sonhos de uma vida melhor, alardeados nesses anos todos pelo lulopetismo para embalar os eleitores mais pobres, revelam-se pesadelos sem fim à vista.

É disso que trata o grito de indignação dos produtores em geral. A destruição dos fundamentos da economia promovida por Dilma – e que de uma forma ou de outra afeta a maioria absoluta dos brasileiros – foi uma obra realizada de forma meticulosa, fruto de cegueira ideológica misturada com autoritarismo e aproveitada pela tigrada para sustentar financeiramente seu projeto de poder – e de meio de vida, que ninguém é de ferro. A presidente, vendida pelo chefão Lula como uma competente gerente capaz de fazer a economia crescer e de redistribuir renda, revelou-se apenas uma dedicada adepta de “princípios” de economia que se provaram trágicos quando testados em países de regime socialista, que Dilma e a tigrada tanto admiram.

A adesão dos empresários ao movimento pelo impeachment não se deu da noite para o dia. Não foram poucos os industriais que, até certo ponto da crise, ainda tinham alguma esperança de que não fosse necessário partir para o afastamento da presidente, algo sempre traumático. A própria Dilma, logo que venceu as eleições de 2014 e admitiu que o País estava em crise, sendo necessário realizar alguns ajustes na economia, deu a uma parte do empresariado a impressão de que sabia o que tinha de fazer, especialmente quando nomeou Joaquim Levy para o Ministério da Fazenda.

Era puro teatro. Dilma sacrificou Levy no altar do petismo mais rústico assim que se deu conta de que não conseguiria apoio nem de seu próprio partido para aprovar as medidas urgentes para reordenar a economia – desarranjada graças às peripécias voluntaristas de uma presidente em cujo currículo consta a falência de uma loja – sintomaticamente chamada de Pão e Circo – que vendia produtos a R$ 1,99.

Quando o setor produtivo se deu conta de que o governo de Dilma não era capaz de entregar o pão, restando apenas o circo da irresponsabilidade fiscal, veio a ruptura. De um lado, Dilma passa dia e noite a gritar “golpe!”; de outro, indústrias fecham aos milhares, investimentos são adiados e os endividados consumidores de baixa renda, que acreditaram na fantasia da “nova classe média”, estão aflitos. Essa situação tende a se agravar se Dilma permanecer no cargo, e o País corre o risco de ver a crise se tornar crônica e duradoura.

Parece óbvio, portanto, que o impeachment é quase uma imposição dos fatos, que vão além da constatação de que Dilma cometeu crime de responsabilidade. Ante a perspectiva de colapso, o Brasil precisa urgentemente é de um governo.

Este momento de mobilização dos empresários é também uma ótima oportunidade para que se advogue a modernização da relação do setor produtivo com o Estado. Deve-se romper o modelo em que empresas escolhidas por suas relações promíscuas com um governo corrupto dominam setores estratégicos, aniquilando a livre concorrência e viciando o jogo do mercado. Deve-se também abandonar o hábito de esperar que o Estado proveja subsídios e incentivos, prática que não resulta em crescimento sustentado e aprofunda a sangria dos cofres públicos. Assim, a troca de comando no Planalto deve ser seguida de uma genuína e inflexível disposição de mudar costumes que – como se vê hoje – condenam o País ao atraso.

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