A velocidade do desemprego
É dramático o custo social que a irresponsabilidade na condução da política econômica ao longo dos 13 anos do governo do PT está impondo ao País. Nada menos que 9,6 milhões de brasileiros não encontram trabalho. O índice de desemprego de 9,5% no trimestre encerrado em janeiro é o mais recente recorde aferido pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) Contínua, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os próximos meses continuarão a mostrar o crescimento do desemprego, já havendo previsões de que, em meados do ano, serão mais de 13 milhões de trabalhadores à procura de ocupação.
Sustentado por um cenário internacional excepcionalmente favorável, o crescimento da economia observado nos primeiros anos da aventura petista, com o notório avanço dos principais indicadores sociais, tinha bases internas frágeis, construídas pelo discurso populista e não por medidas concretas que assegurassem a expansão contínua da produção e do consumo e a melhora das condições de vida da população. A incompetência da gestão econômica no primeiro governo Dilma Rousseff, agravada pela crise política que o imobiliza desde o início do segundo mandato da presidente, provocou severa recessão cujas consequências sociais estão surgindo nos dados recentes de emprego e renda.
Esses dados já seriam preocupantes pelo que revelam, como o aumento das demissões, os dramas familiares delas decorrentes, a perda de renda, a deterioração das condições de vida. Mas seu aspecto mais perturbador é a velocidade com que o quadro social piora em consequência da crise econômica, política e moral gerada pelas lambanças com o dinheiro público cometidas pelo governo do PT.
O desemprego medido pela Pnad Contínua era de 6,5% no trimestre encerrado em janeiro de 2015, saltou para 9,o% no trimestre até dezembro e alcançou os 9,5% agora anunciados. Só não é maior porque a população economicamente ativa (PEA) diminuiu. Isso é normal no início do ano, pois muitas pessoas deixam para procurar emprego mais tarde. Assim, essas pessoas são excluídas simultaneamente da PEA e da população desempregada, o que reduz o índice de desemprego. Em algum momento, elas voltarão a procurar emprego, o que fará crescer o índice, que, segundo estimativa do economista Alexandre Loloian, da Fundação Seade, pode chegar a 13% na metade do ano. Na região metropolitana de São Paulo, o desemprego já chegou a 14%.
A piora da situação do mercado de trabalho não é apenas quantitativa. É expressiva também a perda da qualidade média dos empregos que são preservados. De acordo com a Pnad Contínua, o número de empregados na indústria diminuiu 8,5% no trimestre encerrado em janeiro, na comparação com igual período de 2015. Foi a maior queda já registrada pela pesquisa do IBGE. Ao todo, foi cortado 1,131 milhão de postos de trabalho na indústria. Pelo grau de exigência feito a quem os ocupa, esses empregos são os que, em geral, oferecem remuneração mais alta e melhores condições de trabalho. São também os que, por sua especificidade, mais podem contribuir para melhorar a eficiência e a competitividade da economia.
Outros dados mostram a crise no mercado de trabalho. Só em fevereiro foram fechados 104,6 mil postos de trabalho com carteira assinada, de acordo com o Ministério do Trabalho. Foi o maior número de demissões de trabalhadores formais num único mês desde que esses dados passaram a ser aferidos, há 25 anos. Estima-se que, em 2016, será fechado 1,5 milhão de vagas com carteira assinada.
Com o aumento do desemprego cai a renda real média, o que comprime o consumo e aprofunda a crise. Não é de estranhar que, no ano passado, o Brasil tenha registrado o primeiro aumento da desigualdade de renda desde o início do século.
Números como esses mostram como ficaram rotas bandeiras tradicionalmente utilizadas pelo PT nas campanhas eleitorais. Espera-se que o eleitor os leve em conta na hora de votar. O ESTADO DE SP