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Coronavírus: Apesar do colapso da saúde, município do Rio tem 1.840 leitos públicos fechados

RIO — Enquanto pessoas morrem à espera de atendimento, em 27 grandes hospitais públicos e Coordenadorias de Emergência Regionais (CERs) da cidade do Rio havia nesta quarta-feira 1.840 leitos classificados como impedidos. Ou seja, que não podiam receber pacientes por motivos como falta de profissionais de saúde, escassez de insumos ou até por estarem com camas e respiradores quebrados. Paradoxo que atinge do Hospital Souza Aguiar, no Centro, com 30 leitos inutilizados, ao Ronaldo Gazolla, em Acari, referência para a Covid-19 no município, onde havia 156 vagas fechadas, passando pelo Miguel Couto (52 vagas fechadas).

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— Há leitos em unidades de altíssima qualidade prontos para serem abertos. Nos hospitais federais da Lagoa e de Ipanema, por exemplo, são dezenas, alguns fechados por falta de técnico de enfermagem. Não faz sentido que isso ocorra enquanto pessoas estão morrendo em meio à pandemia — afirma Daniel Soranz, ex-secretário municipal de Saúde do Rio.

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Há até UTIs prometidas no plano de contingência contra o coronavírus que continuam bloqueadas, aponta o Ministério Público do Rio (MPRJ). Os promotores tentam que a Justiça determine que prefeitura e estado abram, de fato, 155 leitos de terapia intensiva para síndrome respiratória aguda grave (SRAG) na capital que, segundo a plataforma de regulação de vagas, continuam impedidos/bloqueados ou funcionando com finalidades outras.

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Num âmbito geral, ontem eram 472 leitos impedidos na rede da prefeitura, 196 na estadual, 823 na federal e 349 em hospitais universitários. No Souza Aguiar, a sala vermelha tinha 11 pacientes para duas vagas. Um leito clínico, porém, estava impedido porque não tinha saída de oxigênio e nem respirador.

Para Soranz, a situação é mais crítica nas unidades do município, que sofreram com uma redução de equipes e de investimentos nos últimos anos.

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— Segundo dados do Datasus, eram 45,7 mil profissionais de saúde em janeiro de 2017, contra 39,1 mil em fevereiro deste ano, 6.605 a menos, cerca de mil deles médicos — ressalta.

Já Leonardo Mattos, do Instituto de Estudos de Saúde Coletiva da UFRJ, destaca a quantidade de leitos vazios nos hospitais federais, enquanto a atual emergência sanitária lota até as Unidades de Pronto-Atendimento (UPAs). Só no Hospital Geral de Bonsucesso, até ontem ontem, eram 212 leitos inoperantes.

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— Bonsucesso desmarcou transplantes, mas até agora não entregou os leitos que propôs na pandemia — afirma ele.

Procurado, o Ministério da Saúde não se manifestou. A prefeitura também não respondeu . A Secretaria estadual de Saúde informou que, nos últimos dois meses, 724 novos leitos foram abertos. O GLOBO

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