Busque abaixo o que você precisa!

BR18 Analisa: Governo já se preocupa com tamanho da desidratação da reforma

Por Marcelo de Moraes / BR18/O ESTADO DE SP

A Comissão Especial da reforma da Previdência foi instalada nesta quinta, 25, na Câmara e o governo já faz as contas preocupado com o impacto das mudanças que os deputados pretendem fazer.

Alguns pontos da proposta enviada pelo Planalto já são consideradas cartas fora do baralho, como o Benefício de Prestação Continuada (BPC) e aposentadoria rural, mas o governo prevê que esses são os menores dos problemas e que as modificações podem ser muito mais expressivas. Na avaliação do governo e de seus aliados dentro do Congresso, pontos importantes como o regime de capitalização, tempo de contribuição, idade mínima e aposentadoria de professores, policiais e servidores públicos poderão ser alterados dentro da Comissão ou depois pelo plenário.

A hora é de estratégia. Para blindar o máximo possível a proposta da reforma, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), negociou como governo a escolha de deputados habilidosos e de perfil técnico para ocupar os principais cargos da Comissão. Marcelo Ramos (PR-AM) será o presidente, faz parte do Centrão, e é parlamentar do grupo de confiança de Maia. Caberá a ele tocar o andamento dos trabalhos da Comissão e matar no peito a obstrução da oposição. Já a relatoria ficará a cargo do tucano Samuel Moreira (SP), ex-secretário da Casa Civil de Geraldo Alckmin. Sua nomeação reforça o papel protagonista do PSDB na defesa das reformas, se expondo mais até do que o Planalto.

Antes que quebre tudo. Na semana passada, Samuel vinha cobrando organização do governo para votar logo a reforma na CCJ. Ele lembrava a importância da proposta e me disse que “há dois pressupostos básicos na reforma da Previdência: fazer justiça e fazer um resultado robusto do ponto de vista fiscal. Só estamos discutindo a Previdência porque o Brasil tem um problema do ponto de vista fiscal”, avaliou.

Até quanto o governo topa ceder? Com a resistência dos deputados a vários pontos da reforma, voltou a discussão sobre qual é o limite de concessão que o governo topa fazer. Cumprindo a promessa feita na semana passada, a equipe econômica mostrou os cálculos sobre o impacto da reforma e, se ele passar, sem alterações, garantirá um resultado de cerca de R$ 1,2 trilhão em dez anos. Isso é superior à estimativa inicial do governo de R$ 1 trilhão e quase um incentivo para que os deputados retirem itens polêmicos do texto.

Bolsonaro abre o jogo antes da hora. Num café da manhã com jornalistas, Jair Bolsonaro admitiu que se a reforma garantir uma economia de até R$ 800 bilhões, o ministro da Economia, Paulo Guedes, ficaria satisfeito. Foi mais uma das derrapadas do presidente, topando fazer concessões antes mesmo das negociações começarem. Resultado: o próprio presidente deu outra declaração se desdizendo e negando que R$ 800 bilhões seja um piso para a reforma. Como consolo, Bolsonaro, pelo menos, arrancou um elogio público de Rodrigo Maia, que gostou de seu pronunciamento em cadeia de televisão defendendo a reforma e enaltecendo o trabalho dos deputados.

Eu lavo e você enxuga. No café da manhã com os jornalistas, Bolsonaro falou sobre a polêmica alimentada pelo seu filho Carlos Bolsonaro contra o vice Hamilton Mourão, acusando o general de estar de olho na cadeira presidencial. Para muitos, o presidente estaria usando o filho para criticar o vice, mas Bolsonaro procurou baixar a fervura da crise. “A gente continua dormindo junto. O problema é quem vai lavar a louça no final do dia”, disse, sentado ao lado do vice, que emendou: “Ou cortar a grama”. O presidente admitiu que o filho “tem um ânimo um pouco exaltado”, mas garantiu que o casamento com Mourão “é, no mínimo, até 2022”.

Com ou sem bagagem? Mas as polêmicas entre governo e Congresso não se restringem à reforma da Previdência. A Comissão Mista que discute a medida provisória que abre o mercado aéreo para empresas estrangeiras aprovou em seu relatório a volta da franquia de bagagem liberada para até 23 quilos. O Ministério do Turismo não gostou nem um poucoda medida, avaliando que a mudança poderá inibir a entrada no mercado nacional das empresas estrangeiras do tipo low cost. A decisão ainda precisa ser chancelada pelos plenários da Câmara e do Senado para ser adotada.

Compartilhar Conteúdo

444