Bolsonaro critica e ministro da Educação fala em tirar dinheiro público de escolas do MST
BRASÍLIA — Depois de participar de uma reunião no Ministério da Educação (MEC), o presidenteJair Bolsonaro criticou nesta quinta-feira o que chamou de "forte doutrinação ideológica" de cerca de 200 mil alunos pobres e de áreas rurais que frequentam aproximadamente duas mil escolas, nas palavras de Bolsonaro, "ditas Sem Terrinha", geridas pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Postado ao lado de Bolsonaro no momento da fala, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, aproveitou para defender o fim do repasse de dinheiro público para escolas do movimento.
O presidente mencionou a "preocupação muito grande" com as escolas do MST, depois de relatar a jornalistas que apresentou ao chefe do MEC algumas ideias e sugestões que serão analisadas pela área técnica, para saber se "são boas ou não".
— Ali (nas escolas do MST), dia sim, dia não, em vez de o Hino Nacional e o hasteamento da bandeira, se canta a Internacional Socialista ou o hino do MST. E há uma forte doutrinação ideológica nessa garotada. No meu entender, não tem que ter política em sala de aula. Nem de esquerda nem de direita. Ou, se tiver, que tenha os dois lados — disse o presidente, para quem a "garotada" deve sair da escola sabendo interpretar textos, a fórmula da água ou uma regra de três simples.
— (Nossa intenção é) que tenhamos no futuro, na ponta da linha, bons profissionais e não bons militantes. O que, no meu entender, não é bom para o Brasil — complementou.
Já o ministro da Educação, Depois de destacar que 30% das crianças brasileiras não estão na pré-escola e deveriam ter preparo para não chegarem defasadas e em desvantagem na primeira série do ensino fundamental, disse que o objetivo é deslocar alunos das escolas do MST "para dentro da República", através de assistência, de creches, pré-escola. Para o ministro, as escolas não podem ser "uma coisa fora da nação brasileira".
— A gente está chegando ao governo e está vendo que muitos recursos públicos estavam indo para áreas que têm forte viés ideológico. Muitas escolas Sem Terrinha são sustentadas por dinheiro do povo, do contribuinte, do pagador de imposto. Você aí está pagando mais caro o leite do seu filho e uma parte desse imposto, ICMS, acaba indo para a escolinha do Sem Terrinha. Isso tem que acabar. (A ideia) não é fechar escolinha, é cortar gasolina. Quer fazer, faz com o dinheiro deles, não com o nosso — afirmou Weintraub.
Na mesma linha da fala do ministro, Bolsonaro manifestou disposição de colocar o governo para intervir na "questão ideológica" das escolas do MST.
— Agora, na questão ideológica, eu acho que o Estado poderia interferir. Não podemos deixar que se formem militantes ou brasileiros que não terão qualquer qualificação no futuro, que seriam apenas dependentes do Estado em outras áreas — declarou Bolsonaro, sendo questionado, em seguida, sobre de que forma o governo atuar nesse espaço.
— O que for possível fazer, a gente faz. A gente quer que a escola forme bons profissionais, bons patrões, bons empregados, bons liberais. Isso é coisa para mais de dez anos, mas tem que ter o primeiro passo — respondeu. PORTAL GT1