Mudança no governo Camilo fortalece vice-governadora Izolda Cela
Mudança na estrutura do Governo do Estado fortaleceu a vice-governadora Izolda Cela (PDT). Mensagem do governador Camilo Santana (PT) aprovada pela Assembleia Legislativa (AL-CE) restitui a autonomia da vice-governadoria menos de quatro meses depois de aprovada uma reforma que subordinava o posto à Casa Civil, ocupada por Élcio Batista.
Na prática, além de desvincular a vice da alçada de Batista, a medida confere mais poderes para Cela, como independência orçamentária. A medida, segundo auxiliares palacianos, é crucial para que a vice execute projetos como o "Ceará Pacífico", de combate aos índices de violência.
Desde o corte no número de secretarias do Estado de 27 para 21 e da extinção de 997 cargos, anunciados por Camilo em dezembro do ano passado, a vice-governadoria se mantinha amarrada à Casa Civil. Uma emenda à mensagem 8363, de autoria do Executivo e acolhida pela AL na última sexta-feira, porém, desfez esse ato.
Para membros da base camilista no Legislativo, a decisão robustece a área chefiada por Cela na véspera de ano eleitoral. Líder do Governo na Assembleia, o deputado Júlio Cesar Filho (PPL) diz que, "além de fortalecer" a vice do petista, a alteração no desenho do Estado "é um reconhecimento pela capacidade que ela tem de tocar projetos".
Colega de Casa, Guilherme Landim (PDT) afirma que esses ajustes feitos na máquina "são de fato para incrementar a atuação dela (Cela)", dando-lhe mais oportunidades para exercer protagonismo político.
O pedetista ressalva, contudo, que "a vice aqui no Ceará nunca foi uma figura decorativa" e que "ela sempre esteve muito perto das questões administrativas". E cita programas como o "Ceará 2050".
Respondendo pela Secretaria do Planejamento e Gestão na ausência do titular Mauro Filho (PDT), que ainda desempenha função de deputado federal, o secretário-executivo Flávio Jucá avalia que a saída da vice-governadoria da Casa Civil foi o principal ponto da mensagem do Governo.
Datado de 27 de março, o texto do Abolição elimina 82 cargos comissionados e cria 46 em várias partes da administração pública. De acordo com Jucá, todavia, a extinção e criação de cargos se compensam, não havendo acréscimo de despesas para os cofres públicos.
"(Os cargos) foram extintos, e o valor foi aproveitado para criar os outros. Não houve ganho nem perda financeira porque foi uma mudança de quantidade de cargo, mas preservando o valor que tinha", respondeu o secretário. "O foco da mensagem não diz respeito à economia. Era ajustar a máquina administrativa."
Jucá informa ainda que a independência da vice-governadoria é, "na verdade, uma das principais mudanças" previstas nesse redesenho. "A vice passa a ser um órgão com autonomia para executar os programas tocados pela vice-governadora exatamente para não ter que depender da Casa Civil", acrescenta.
O POVO procurou a vice-governadora Izolda Cela para comentar a mudança na estrutura do Governo, mas, até o fechamento desta edição, não houve retorno. A reportagem também acionou a Casa Civil do Abolição, mas não obteve resposta.