Moro diz que facções do tráfico e milícias são ‘a mesma coisa’
Sérgio Moro participa na Laad no Rio — Foto: Nicolás Satriano/G1
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, disse nesta terça-feira (2) no Rio de Janeiro que facções do tráfico de drogas e milicianos são 'criminalidade grave' que tem que ser combatida.
"Não há nenhuma dúvida de que essas milícias são organizações criminosas. Pra mim, Comando Vermelho, PCC e milícias, pra mim é tudo a mesma coisa. É tudo a mesma coisa. Muda um pouco o perfil do criminoso, mas mesmo assim estamos falando de criminalidade grave e que tem que ser combatida."
O ministro, que participou de uma exposição de empresas e órgãos que atuam na área de segurança, disse ainda que há particularidades no combate a essas organizações no Rio e acrescentou que existe a necessidade de combinar a política de enfrentamento a elas com "políticas urbanísticas e políticas sociais".
"A grande dificuldade em relação a algumas dessas organizações, especialmente aqui no Rio de Janeiro, é que existe aliado à organização criminosa um controle territorial. Isso é realmente um desafio grande, não é um desafio de hoje, já se foi tentado no passado algumas soluções, mas pra mim parece óbvio haver a necessidade de se fazer uma concertação de políticas de segurança, com políticas urbanísticas e políticas sociais", afirmou.
Moro disse ainda que se a reforma da previdência não for aprovada, podem faltar recursos para a segurança pública, saúde e educação.
"Eu tenho plena confiança que com diálogo, com exposição aos parlamentares, dos projetos, tanto da nova previdência, porque ela é necessária, nós precisamos equalizar as regras da previdência e nós temos um problema fiscal a ser enfrentado. Se não, vão faltar recursos segurança pública, pra educação, pra saúde. E o projeto anticrime também é importante porque ele enfrenta questões pontuais da segurança e da Justiça que precisam ser resolvidas. A questão, por exemplo, de deixar claro na lei a execução da pena em segunda instância. Acho que com diálogo, eu tenho confiança que em mais ou menos tempo, com eventuais modificações ou até aprimoramentos, o governo vai conseguir aprovar esse projeto no Congresso".
Atiradores de elite
Sobre o uso de snipers pelo governo do estado do Rio para "abater" criminosos portando fuzil, política que o governador Wilson Witzel afirmou já estar em andamento em entrevista ao jornal O Globo, o ministro afirmou que ainda precisa se familiarizar. Ele disse, entretanto, que não é necessário o policial esperar ser alvejado para reagir.
"Eu não estou familiarizado, exatamente, com essa questão [do uso de atiradores de elite no RJ] e precisaria entender melhor ao que ele está se referindo. Fato é que um policial não precisa esperar levar um tiro de fuzil pra reagir. Tem que ver em quais circunstâncias se teria essa autorização para um tiro à distância", disse Moro.
Mourão
O vice-presidente, Hamilton Mourão, esteve no mesmo evento, a feira internacional de segurança LAAD Defence & Security na manhã desta terça. Ele ressaltou que “a arte da guerra foi e continua sendo uma ação política” e destacou que Bolsonaro está empenhado em promover reformas estratégicas para destravar a economia, como a reforma da previdência e a reforma tributária.
Nesta terça, o evento também foi marcado pelo furto de uma pistola que estava exposta. Segundo a assessoria da feira, a pistola é uma arma não funcional, ou seja, é um equipamento que não tem partes fundamentais para o seu funcionamento.
Ainda segundo a nota, as autoridades militares responsáveis pelo licenciamento de armas de fogo na feira foram informadas e compareceram imediatamente ao local do incidente.
Estande onde arma desapareceu em feira de segurança — Foto: Alba Valéria Mendonça / G1