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Guedes diz que não insistirá no cargo caso sua agenda não seja aceita

BRASÍLIA - O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse nesta quarta-feira que, se o presidente da República, partidos e parlamentares não aceitarem a agenda que está propondo, "não tem apego ao cargo" e poderia deixar o posto. No entanto, disse que não tem irresponsabilidade para sair após a primeira derrota. Ele foi questionado, durante audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado nesta quarta-feira se, caso a reforma da Previdência não alcançar a meta de economizar R$ 1 trilhão em dez anos, deixaria o cargo.

 

— Se o presidente apoiar as coisas que eu acho que podem resolver para o Brasil, eu estarei aqui. Agora, se, ou o presidente, ou a Câmara ou ninguém quer aquilo, eu vou obstaculizar o trabalho dos senhores? De forma alguma. Eu voltarei para onde sempre estive. Tenho uma vida fora daqui. Venho para ajudar, acho que tenho algumas ideias interessantes. Aí o presidente não quer, o Congresso não quer. Vocês acham que vou brigar para ficar aqui? Eu estou aqui para servi-los. Se ninguém quiser o serviço, vai ser um prazer ter tentado. Mas não tenho apego ao cargo, desejo de ficar a qualquer custo, como também não tenho inconsequência e irresponsabilidade de sair na primeira derrota — disse Guedes.

 

Essa não é a primeira sinalização de Guedes de que poderia abandonar o ministério caso o plano que tem para o país não consiga apoio. Na cerimônia de transmissão de cargo, quando assumiu o ministério da Economia, ele disse que "é muito fácil" fazer alguém desistir em Brasília.

 

'Bomba demográfica'

Guedes lembrou que a proposta do governo para a Previdência busca assegurar uma economia de, ao menos, R$ 1 trilhão em dez anos — cifra que ele julga necessária para implementar um sistema de capitalização, no qual os trabalhadores contribuem para sua própria aposentadoria.

— Se fizermos (a reforma), não tem problemas. Se não fizermos, vamos condenar nossos filhos e netos, por nosso egoísmo, nossa incapacidade de fazer um sacrifício — declarou, acrescentando: — Essa bola está com o Congresso.

Ele afirmou que existe uma “bomba demográfica” devido aos gastos previdenciários. Segundo Guedes, os gastos já são elevados para um país com população ainda jovem. E disse que a oposição deveria apoiar a reforma da Previdência, para assegurar a governabilidade nos próximos anos.

— Fique a oposição atacando a reforma da Previdência um ano só e depois tente ser eleita (e governar). Ao invés de tentar atacar frontalmente o problema — disse ele. O GLOBO / Marcello Corrêa e Manoel Ventura

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