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Tribunal de Contas da Paraíba irá investigar fraude no programa Gol de Placa

Sérgio Rangel
RIO DE JANEIRO

O TCE-PB (Tribunal de Contas do Estado da Paraíba) vai fazer uma “auditoria especial” no programa Gol de Placa, que distribuirá R$ 4,1 milhões neste ano aos clubes locais.

Na terça-feira (22), a Folha revelou que, nos últimos anos, os times fraudavam o programa com cadastros falsos de torcedores.  De acordo com a nota do TCE, a investigação vai apurar “todo o período que for necessário”. O programa existe desde 2005.

Na quarta (23), a Secretaria de Esporte havia anunciado que checaria os dados lançados nas últimas três partidas pelos 18 clubes beneficiados pelo programa na plataforma do órgão.

O Gol de Placa foi criado para incentivar os torcedores a comparecerem a jogos no estado da Paraíba e ajudar a financiar os clubes. Pelas regras do programa, os torcedores podem trocar notas fiscais por entradas para as partidas. O valor das entradas é pago aos clubes por uma empresa, que, em troca, recebe desconto do governo no pagamento de ICMS.

Folha identificou centenas de pessoas que moram fora do estado entre os torcedores cadastrados pelos clubes como beneficiários do programa. Em contato com a reportagem, essas pessoas negaram ter assistido ao jogo. Os nomes e dados pessoais deles estavam disponíveis na internet.

“Como somos um órgão de fiscalização temos que esclarecer a questão. O TCE-PB vai também apurar de quem é a responsabilidade”, disse o diretor de Auditoria e Fiscalização do Tribunal de Contas da Paraíba, Francisco Lins Barreto.

Até a publicação da reportagem, o TCE não havia identificado nenhuma irregularidade no programa.

Caso os clubes sejam responsabilizados, os dirigentes teriam que devolver a verba aos cofres públicos, o que inviabilizaria o futebol no Estado.

Desde o seu início, o programa já repassou cerca de R$ 50 milhões aos clubes.  

A fraude era feita pelos clubes no sistema da própria secretaria. Eles são obrigados a registrar o nome e o CPF do torcedor beneficiado e o estabelecimento que concedeu a nota e o seu registro estadual.

Com a fraude, os clubes conseguiam aumentar o número de torcedores em seus jogos e justificar um montante superior de repasse da empresa patrocinadora do programa. 

Nesta quarta (23), o  Nacional de Patos admitiu que colocou dados falsos no cadastro do programa Gol de Placa e culpou “pessoas terceirizadas”, 

As fraudes foram detectadas em partidas do campeonato deste ano e no de 2015. 

Um advogado catarinense disse que vai processar o estado. O Nacional de Patos o cadastrou como torcedor na primeira rodada do torneio.

No jogo em Patos, quando o time da casa venceu o CSP por 2 a 1, todas as notas lançadas no sistema eram de um posto de gasolina em João Pessoa, cidade distante mais de 300 km.

O borderô da partida publicado no site da Federação Paraibana de Futebol mostra que 1.620 torcedores que retiraram seus ingressos pelo programa entraram no estádio.

Após admitir o erro, o Nacional afirma ter solicitado o cancelamento dos cadastros e não querer receber "nenhum centavo" da partida. 

A fraude no sistema do programa não é um caso isolado.

Folha também constatou a operação semelhante pelo Serrano na abertura do torneio.

O Botafogo-PB trocou mais de 4.000 ingressos do programa em apenas uma partida em 2015 e não pediu autorização ao governo, como determina a lei.

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