Disputa presidencial segue rumo à polarização entre extremos ideológicos
A 23 dias da eleição, a corrida presidencial continua em aberto, mas com a tendência de uma polarização entre os candidatos que representam os extremos ideológicos.
De um lado, o líder nas pesquisas de intenção de voto, Jair Bolsonaro (PSL), representando a direita, e de outro, Fernando Haddad (PT) ou Ciro Gomes (PDT), representando a esquerda, que aparecem empatados com 13% das intenções de votos, segundo pesquisa Datafolha divulgada nesta sexta-feira (14).
Os candidatos que buscaram o caminho do meio, Marina Silva (Rede) e Geraldo Alckmin (PSDB), recuaram.
Com apenas três dias na condição de candidato, Haddad se firma como candidato competitivo, recebendo votos do eleitorado mais fiel ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, atingindo frontalmente a estratégia de Ciro Gomes de se apresentar no Nordeste como alguém que iria receber os votos do ex-presidente.
Ciro, que há uma semana subiu nas pesquisas, nesta, ficou estagnado. Isso mostra que a estratégia do PT de colar Haddad na imagem de Lula e insistir no nome do ex-presidente foi correta. Haddad, até aqui, esté herdando os votos de Lula, sobretudo no Nordeste, e entre os eleitores de menor renda e menor escolaridade.
Jair Bolsonaro está internado no hospital Albert Einstein em São Paulo e se mantém como candidato competitivo – até aqui, com vaga garantida no segundo turno. Ele ampliou a vantagem para os outros candidatos (subiu de 24% para 26%), ao mesmo tempo em que viu também aumentar a sua rejeição: oscilou um ponto de 43% para 44%.
A partir da pesquisa Datafolha, os candidatos mais competitivos deverão reforçar suas estratégias para conquistar o eleitor. Ciro Gomes, por exemplo, deve continuar mirando em Bolsonaro, sem deixar de lado Fernando Haddad, que está impedindo seu crescimento no Nordeste (onde recuou de 20% para 18%). No programa eleitoral, ele manterá a estratégia de apresentar programas de governo, mas nas entrevistas diárias deve criticar os adversários.
A situação mais difícil ficou para Marina Silva, que chegou a figurar no segundo lugar nas pesquisas e perdeu pontos nos últimos dias – agora, está em quinto lugar, atrás de Geraldo Alckmin. O tucano, que precisava mostrar capacidade de crescimento para adotar o discurso do voto útil, tambem acabou perdendo espaço, com menos um ponto porcentual, segundo o Datafolha.
A pesquisa mostra Ciro Gomes como o candidato mais competitivo no segundo turno. Mas as diferenças foram reduzidas, mostrando que, mesmo sendo campeão de rejeição, Jair Bolsonaro conseguiu reduzir diferenças nas simulações de segundo turno.
Mais do que nunca, o segundo turno da eleição presidencial de 2018 se enquadra na máxima das disputas eleitorais: o segundo turno é uma nova eleição.
— Foto: Editoria de Arte / G1