Marketing de Alckmin testa arsenal contra Bolsonaro no horário eleitoral
Entre hoje e amanhã, a equipe de marketing de Geraldo Alckmin, candidato do PSDB à Presidência da República, testa trechos do programa eleitoral e as inserções de 30 segundos com diferentes ataques ao candidato do PSL, Jair Bolsonaro. A ideia é avaliar como o arsenal propondo a desconstrução do adversário será recebido pelo eleitor a partir de sábado (1º), quando começa a campanha dos candidatos à Presidência no rádio e na televisão.
Os testes serão feitos em São Paulo e em mais três cidades do Sul e do Centro-Oeste, onde tradicionalmente o PSDB tem boa intenção de voto, e do Nordeste, região mais crítica para os tucanos a partir da eleição de 2002 (a exceção naquele ano foi Alagoas, único estado do País em que José Serra venceu Lula - desde então o PT foi vitorioso em todos os nove estados do Nordeste).
Os eleitores serão divididos em grupos de até dez pessoas e submetidos a diferentes versões dos filmes de 5 minutos produzidos para o programa eleitoral, com ataques mais ou menos incisivos ao candidato do PSL. A ideia é ver como o eleitor de diferentes segmentos socioeconômicos recebe a crítica – e a partir daí dosá-las.
Uma pesquisa quantitativa também será feita nas ruas, com pesquisadores portando tablets e telefones, por meio dos quais serão exibidas duas versões dos filmes de até 30 segundos.
A avaliação na equipe de Alckmin hoje é a de que o candidato tucano só pode crescer, de maneira significativa, se tirar votos de Bolsonaro. Para isso, avaliam, é necessário desidratar o candidato em, pelo menos, quatro pontos porcentuais.
De acordo com o Datafolha, Bolsonaro lidera as pesquisas, com até 22% das intenções de voto, no cenário sem o ex-presidente Lula, contra 9% de Alckmin. Bolsonaro avançou em redutos eleitorais que, desde 2006, vinham pendendo progressivamente para o lado tucano – movimento que ganhou força especialmente a partir de 2010, quando toda a região Sul, parte do Centro-Oeste e São Paulo votaram com o PSDB.
De acordo com o último Datafolha, Bolsonaro lidera no Sul, com cinco vezes mais votos que Alckmin (30% contra 6%, respectivamente), no cenário sem Lula. Em São Paulo, base eleitoral de Alckmin (o PSDB governa o Estado desde 1994), Bolsonaro tem 21% contra 18%. Os números são ainda piores na pequisa espontânea, quando não são submetidos ao eleitor os nomes dos candidatos: Bolsonaro é citado por 15% dos paulistas, contra apenas 4% das citações a Alckmin.
O tucano, porém, resiste a ser o emissário das críticas, pois não quer que sua imagem fique diretamente ligada aos ataques. O temor é que isso possa ter impacto negativo na sua rejeição, hoje menor que a de Bolsonaro – 26% dizem que não votariam no tucano, ante 39% do candidato do PSL.
Alckmin é o candidato com maior tempo no horário eleitoral, quase metade dos 12 minutos e 30 segundos, além de 434 inserções de 30 segundos. Sua última cartada para melhorar o desempenho nas pesquisas é o horário eleitoral, já que palanques regionais costurados com a ajuda do centrão abandonaram o tucano. "Só tem uma chance de a gente ir para o segundo turno: tirar voto de Bolsonaro", disse um integrante da campanha.
A televisão e o rádio serão o instrumental dos tucanos para esse fim.