Campanha de Geraldo Alckmin é a famosa casa em que falta pão
Vera Magalhães, O Estado de S.Paulo
23 Agosto 2018 | 21h58
Em casa onde falta pão, todo mundo grita e ninguém tem razão. Não raro, esse dito popular, tão gasto quanto verdadeiro, assola alguma campanha eleitoral. Quando acontece, o pão em falta se chama votos. A casa da vez é o QG de Geraldo Alckmin.
O tucano apostou tudo numa grande coligação que lhe daria muito tempo de TV e capilaridade nos Estados. Obteve. De posse de quase metade do tempo de TV e ainda patinando nas pesquisas – o que era previsto; sua aposta é crescer depois do início do horário eleitoral – começam as divergências de como usar essa arma.
Apoiadores de Alckmin se dividem entre os que acham que ele deveria ser mais incisivo em confrontar Jair Bolsonaro e se apresentar como anti-Lula – posto hoje ocupado pelo candidato do PSL – e os que afirmam que ele tem de insistir no discurso de conciliação, para se beneficiar dos votos de qualquer um dos dois lados caso vá ao 2.º turno com o outro.
Essa leitura “retranqueira” do cenário ignora alguns fatores. O primeiro é que se trata de uma campanha de tiro curto, em que um apelo à racionalidade, ao consenso e à moderação esbarra num eleitorado polarizado e desiludido.
O segundo é que, antes de pensar na melhor tática para o 2.º turno, Alckmin precisa chegar lá. E esta parece ser sua maior dificuldade. Obviamente, se for ele contra Bolsonaro ou Fernando Haddad, o outro desses extremos que não estiver na final tende a votar nele por exclusão.
Portanto, há que se ter alguma ousadia. Mas os que são contrários a isso afirmam que agressividade não combina com o perfil de Alckmin. Há como ser assertivo sem ser agressivo.