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Eleição expõe cansaço de materiais da política

A política vive um fenômeno que, em linguagem aeronáutica, seria chamado de cansaço de materiais. Quando isso acontece com os aviões, trocam-se os modelos velhos por novos. O Datafolha sinaliza que, na sucessão de 2018, a coisa não será tão simples. Jair Bolsonaro, um modelo 1964, cor verde-oliva, está com um pé no segundo turno. Fernando Haddad, modelo 2010, ano em que Lula abriu sua fábrica de postes, vai virando um potencial adversário.

A pesquisa reforça a sensação de que a definição do primeiro turno passa pela cadeia. Lula pulou para 39%. Puxou o anti-Lula Bolsonaro para 22%. E se cacifou para içar Haddad das profundezas dos seus 4%. Hoje, 31% dos eleitores dizem que votam num poste indicado por Lula. Outros 18% afirmam que “talvez” votem. Marina e Ciro herdam parte do espólio de Lula. Mas podem sofrer baixas quando o dono da herança divulgar o seu testamento, na cela de Curitiba.

O eleitorado de Bolsonaro solidifica-se por enxergar nele, um deputado com 27 anos de mandato, a resposta para a ferrugem do sistema político. Lula se mantém como grande cabo eleitoral porque, no outro extremo, o eleitor avalia que, num saco com tanta farinha do mesmo tipo, ele ofereceu pirão aos mais pobres. O mais desesperador é que o eleitor não vê na pista de 2018 nenhum modelo genuinamente novo. Como não enxerga um jato, o brasileiro se dispõe a embarcar em qualquer teco-teco. JOSIAS DE SOUZA

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