O Brasil precisa de seus eleitores
Numa eleição tão fundamental para o destino do Brasil, pesquisas apontam que os votos brancos e nulos lideram a preferência dos eleitores. É uma posição compreensível diante de tudo o que vimos e vemos na política. Mas é também muito triste e traz alto risco.
Não podemos abdicar das urnas e desistir da luta. Mais do que nunca, o Brasil precisa dos nossos votos.
Não há nada mais cruel que o desemprego, a pessoa querer trabalhar e não conseguir. É desesperador não ter acesso à assistência médica ou se sentir diariamente ameaçado pela violência. As notícias sobre a corrupção e os privilégios são revoltantes.
Compreendo tudo isso. Mas, por isso mesmo, nós precisamos lutar para que a população se engaje nas eleições nesta reta final do processo eleitoral. Não podemos abandonar a luta política e democrática por um Brasil melhor. Não podemos dar as costas ao nosso país e deixar de exercer o direito (e o dever) mais fundamental da democracia: eleger os nossos dirigentes.
As eleições daqui a dois meses são a melhor, talvez a única, forma de encontrarmos caminhos legítimos para superar essa profunda crise. Nossa melhor resposta é usar bem o voto, buscando candidatos sérios, comprometidos com a boa política.
Sim, eles existem. A crise da má política só pode ser resolvida com a boa política. E a boa política passa pelo bom voto.
Há bons políticos em diversos matizes ideológicos e partidários. Para encontrá-los, temos hoje recursos e ferramentas amplamente disponíveis, com informações sobre praticamente todos os candidatos e os seus partidos. Vale o esforço de conhecer a fundo seu candidato ou candidata a deputado, senador e presidente. Serão elas e eles que tomarão decisões fundamentais neste momento crítico da nossa história.
As novas tecnologias empoderam os eleitores. Vamos usar essa nova força para arrumar o destino do Brasil e restaurar a confiança no nosso grande país, a oitava economia do mundo, embora ainda muito distante de realizar seu potencial.
Não há espaço para aventuras, promessas populistas, estelionatos eleitorais. Os projetos dos candidatos são mais importantes do que seus nomes. Vamos cobrar dos políticos e políticas uma campanha respeitosa, focada no bom debate e em projetos para o país. O bate-boca não esclarece nada, só confunde. Ele serve apenas para esconder a verdade e camuflar os maus políticos e os maus projetos.
Esta grande crise é rica em lições. Não aproveitá-las é ser penalizado duplamente por ela e contratar uma crise ainda pior à frente.
Da perspectiva de um empresário que há décadas vive intensamente a economia do Brasil, posso assegurar que já superamos situações piores. Temos fundamentos ainda sólidos nas contas externas, grande volume de reservas, inflação controlada e o juro básico no patamar mais baixo da história.
Apesar das dificuldades, o país está pronto para uma retomada consistente num ambiente econômico global ainda favorável —desde que façamos as reformas fundamentais, a começar pelo reequilíbrio do insustentável quadro fiscal.
Vamos lembrar que a crise econômica e o descrédito da política no final dos anos 1980 levaram à eleição de um presidente populista que adotou medidas heterodoxas que aprofundaram a crise do país. Os erros oferecem lições mais importantes que os acertos.
Amo muito o Brasil. Nasci numa família rica em valores, mas pobre em recursos materiais. Sei o quanto esse país pode oferecer a quem trabalha duro e, por isso, sigo otimista.
Votar (consciente) é a solução. Não abra mão do seu direito. Não fuja do seu dever. Ponha a mão na consciência e o seu voto na urna.