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‘O PT tem esse sentido exclusivista de partido’, afirma presidente do PSB

Pedro Venceslau e Renan Truffi/BRASÍLIA, O Estado de S.Paulo

05 Agosto 2018 | 05h00

Na convenção marcada para hoje, em Brasília, o PSB vai referendar o acordo de neutralidade na eleição presidencial proposto pelo PT. Mas o termo não deverá aparecer no ofício que será apresentado pelo presidente nacional do partido, Carlos Siqueira. Em vez de neutralidade, Siqueira deve dizer que o PSB optará pela “não coligação”. “Penso que o ideal seria ter um candidato de outro partido com apoio de toda a esquerda, mas isso não foi possível. Temos de trabalhar isso para o futuro”, disse ele, em entrevista ao Estado. Ao afirmar que foi voto vencido nessa questão, o dirigente criticou o “sentido exclusivista” do PT e defendeu uma “reciclagem” no campo da esquerda.

Como o sr. avaliou a estratégia do PT de trabalhar contra o apoio do PSB ao PDT?

Não é de hoje que o PT tem esse sentido exclusivista de partido, o que é um aspecto negativo. Seria o momento agora, como poderia ter sido em 2014 com o PSB, de apoiarem uma candidatura fora do âmbito do PT. Vejo o PT como o partido que sempre vai querer manter a hegemonia na esquerda. Ocorre, entretanto, que política é força. Ou você tem ou não tem. Quem não tem o suficiente vai ter de estar junto dos que demonstram maior força. Mesmo com o candidato do PT preso, o ex-presidente Lula tem a maior intenção de voto do País. Goste ou não do Lula, ele é a única liderança popular do País. 

O presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, em entrevista; ao fundo, imagem

O sr. rejeitava a ideia do PSB se manter neutro na disputa presidencial. O que mudou? 

Não será neutralidade, mas uma posição política de apoio (nos Estados) a candidatos que tenham a ver, programaticamente, politicamente e ideologicamente com o Partido Socialista Brasileiro. Temos dez candidatos a governador em estados importantes, sendo dois deles à reeleição. Precisamos facilitar as coligações nos estados. Pessoalmente, gostaria mais que fôssemos com o PDT ou com o PT, mas tenho de acolher as manifestações majoritárias do partido. Mesmo aqueles que queriam apoiar Ciro e o PT estão entendendo isso, com raras exceções. Espero que no futuro próximo, não nessa eleição ainda, a esquerda possa ter uma reciclagem.

Ao definir a neutralidade na eleição presidencial, o PSB não está impedindo essa alternância?

Eu lamento profundamente que isso aconteça, mas é o que vai acontecer se os nossos delegados congressistas assim aprovarem. Penso que o ideal seria ter um candidato de outro partido com apoio de toda a esquerda, mas isso não foi possível.

Esse perfil exclusivista do PT pode aprofundar a crise na esquerda brasileira?

Política é força. Se nós, o PDT ou PCdoB conseguirmos avançar ao ponto de ter uma candidatura suficientemente densa, então isso se resolve. Porque, se depender da vontade do PT, nunca vai acontecer.

O que faltou a Ciro Gomes para que liderasse a esquerda? 

O problema não está no Ciro, mas no PT e nessa visão exclusivista deles. É uma liderança preparada. Tem seu destempero, que é um dos defeitos, mas isso nunca o levou a tomar uma atitude irresponsável. 

Por que o PSB não colocou Marina Silva, da Rede, no radar?

Ela veio aqui pedir apoio para a Presidência da República. Conversamos em várias ocasiões, mas da última vez que Marina veio aqui, a Rede havia rompido com o governador (do DF, Rodrigo) Rollemberg. Veio aqui pedir apoio e anunciou que estava rompendo com o governador Paulo Câmara em Pernambuco e lançando um candidato de oposição. 

Não foi ruim participar de acordo com o PT em Pernambuco que sepultou a candidatura de Marília Arraes, neta de Miguel Arraes?

São circunstâncias difíceis. Às vezes na política a gente não faz o que quer, mas o que é necessário.

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