Análise: As semelhanças entre as chapas de Alckmin 2018 e Lula 2002
BRASÍLIA - As conversas por apoio na disputa presidencial entram na fase final. O tucano Geraldo Alckmin, que, até o momento, parece ter conseguido atrair uma sopa de letrinhas, cada vez mais desenha uma chapa à la Lula 2002 ou Dilma 2010. Dá sinais de que prefere correr o risco de ver seu nome associado a partidos do mensalão e outros escândalos, do que perder espaço no horário eleitoral.
Em busca de um vice, pretensamente o empresário Josué Gomes, Alckmin vai buscar no mineiro o apoio do PR. O mesmo gesto que o petista Lula fez na primeira eleição, quando teve o pai de Josué, José Alencar, o vice do então PL. Na época, o petista tinha outra intenção: acalmar o mercado colocando um empresário respeitado ao seu lado. Alckmin não precisa fazer o mesmo esforço de Lula para convencer o mundo financeiro e empresarial de que comprometerá as regras do jogo, mas indica que anda fazendo o tradicional cálculo político de que, sozinho, um partido não vence a disputa presidencial.
A equação que serviu para Lula em 2002, e Dilma em 2010 - a candidata tinha a seu lado uma coligação com PDT, PRB, PT, PMDB, PTN, PSC, PR, PTC, PSB e PCdoB - servirá para Alckmin 2018?
LEIA: Centrão se reúne com Josué Gomes para selar vice de Alckmin
No intervalo de 12 anos, conheceu-se que partidos pequenos vendiam seu apoio ao governo petista não só por cargos, mas também por uma mesada operada por Marcos Valério, hoje preso. Já na Era Dilma, veio a Lava-Jato a mostrar que a propina estava mesmo concentrada nos negócios da Petrobras. E as empreiteiras delatoras acabaram arrastando os partidos do governo e também os da oposição, como o próprio PSDB, para o mesmo barco.
Nas pesquisas de intenção de voto, o eleitor que assistiu a tudo isso mandou, e ainda parece mandar, indicações de que quer algo diferente. Ver Alckmin acompanhado dos mesmos partidos vai contaminar a campanha do tucano? Ou será o impulso que ele precisava para sair da rabeira para ter chance de ir ao segundo turno? A resposta ao eventual êxito do pragmatismo eleitoral pode vir antes mesmo do dia da votação se a campanha tucana, de fato, decolar. O GLOBO