Candidatos ao Planalto têm focos de rejeição que perduram no tempo
Apesar de estarem há meses em aberta corrida ao Planalto, os principais presidenciáveis enfrentam focos de rejeição que resistem ao tempo. A análise das 13 pesquisas nacionais do Datafolha feitas nos últimos 30 meses mostra que, apesar das subidas, quedas e oscilações nas intenções totais de voto, nenhum deles conseguiu superar seus principais pontos fracos.
Presidenciáveis 2018
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Em dezembro de 2015, o Datafolha apontava no cenário que mais se assemelha à atual configuração da disputa um empate técnico entre Marina Silva (Rede), com 24% das intenções de voto, e Lula (PT), com 21%. Em seguida vinha Geraldo Alckmin (PSDB), com 14%. No pelotão de baixo, Ciro Gomes (PDT), com 7%, e Jair Bolsonaro (PSL), com 5%.
A partir de então, Lula e Bolsonaro cresceram, enquanto Marina e Alckmin caíram. Ciro se manteve estável.
Trinta meses e 12 pesquisas depois, o instituto mostrou no mês passado Lula na liderança, com 30%. Bolsonaro em segundo, com 17%, seguido por Marina (10%), Ciro (6%) e Alckmin (6%).
Preso desde abril deste ano, Lula não deve conseguir confirmar sua candidatura, mas o PT tentará transferir seus votos para um outro nome.
As pesquisas do Datafolha mostram que o principal trunfo do ex-presidente é o eleitorado que só tem o ensino fundamental, pobre --com renda familiar de até dois salários mínimos-- e do Nordeste, região em que ele atinge 49% das intenções de voto. Essas faixas são o foco do Bolsa Família, carro-chefe do lulismo.
Seus calcanhares de aquiles permanecem os mesmos verificados em 2015: o eleitorado mais rico, mais escolarizado e que mora no Sul e no Sudeste.
É entre os que têm renda familiar mensal de mais de dez salários mínimos que aparece o menor número ligado ao nome Lula na pesquisa, apenas 14% das intenções de voto.
Embora esse estrato tenha uma margem de erro bem maior (11 pontos percentuais) do que a do levantamento como um todo --que é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos--, as pesquisas anteriores também trazem indicador ruim, o que torna bastante provável o baixo desempenho no segmento.
Bolsonaro mais que triplicou suas intenções de voto até o início de 2018, quando parou de crescer, mas também manteve os mesmos pontos fracos que já se anunciavam 30 meses atrás.
Tem desempenho elevado entre o eleitorado masculino (23%), jovem (26%) e que tem renda familiar maior do que cinco salários mínimos, estrato em que atinge até 30%.
Seus pontos fracos são o eleitorado feminino (11%), acima de 45 anos (12%) e que mora no Nordeste (8%). A região, que é palco de várias das visitas do presidenciável nos últimos tempos, reúne 27% do eleitorado nacional.
Bolsonaro se declarou por várias vezes nos últimos anos contrário aos programas sociais, afirmando que a única medida eficaz de combate à miséria e a criminalidade era o controle de natalidade da população pobre. Agora, diz defender o Bolsa Família.
Sobre mulheres, ele já defendeu a tese de que elas ganhem menos do que os homens porque engravidam.
Marina Silva sofreu uma deterioração e se enfraqueceu em um de seus maiores trunfos. Em dezembro de 2015 tinha a preferência de 32% dos jovens (16 a 24 anos), apesar de marcar 24% das intenções de voto no geral. Agora, o apoio entre os jovens é de 10%, o mesmo do seu eleitorado como um todo.
A principal fraqueza da candidata se mostra na fatia mais rica da população e que mora na região sul.
Nenhum dos entrevistados do Datafolha que tem renda maior do que dez salários mínimos a apontou como preferida na pesquisa de junho. Embora a margem de erro do segmento seja alta, quase todas as pesquisas anteriores também indicam fragilidade nesse estrato.
Ciro Gomes tem como ponto forte os eleitores mais ricos (11% contra 6% de suas intenções de voto no eleitorado geral). Sua preocupação também reside nos jovens (3%).
Já Alckmin, que perdeu terreno para Bolsonaro nesses 30 meses, mantem resultado ligeiramente melhor no Sudeste e entre brasileiros mais ricos. Seus pontos fracos, porém, estão nas regiões Nordeste, Norte e Sul, onde não marcou em nenhuma delas mais do que 3% das intenções de voto na pesquisa de junho.