Corrupção fala mais alto na pesquisa Datafolha
RIO — A mais recente pesquisa Datafolha, a primeira depois da prisão de ex-presidente Lula, reflete bem o que outros levantamentos recentes indicaram sobre o estado de ânimo do eleitorado: a corrupção e como os políticos se relacionam com o tema são eixos centrais da escolha.
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Em todos os cenários nos quais o líder petista não aparece - sua participação no pleito parece improvável já que ele está enquadrado na Lei da Ficha Limpa -, prevalecem os candidatos cuja imagem fica dissociada dos escândalos. Da inércia, o eleitor caminha nessa direção.
Há menos de duas semanas, Joaquim Barbosa não era filiado a partido político. Pressionado pelo prazo da lei eleitoral, finalmente ingressou no PSB e passou a ser tratado como pré-candidato, embora ainda não assuma esta condição.
Bastou para figurar à frente de Geraldo Alckmin nos seis cenários sem Lula. Ultrapassa Ciro em cinco - empata em um. Trabalha com uma boa aceitação de 9%.
Marina praticamente não se mexe. Faz um estilo que virou sua marca registrada. Se expõe de forma tímida e calculada. Guarda, no entanto, a mesma imagem de combatente dos mal-feitos e mal-feitores. Surge como a principal herdeira do voto de Lula - só perde para a imensidão de brasileiros descrentes de tudo e de todos, que aderem ao voto branco e nulo.
E Bolsonaro, onde entra nessa? O pré-candidato mais forte neste momento da disputa também não para de se beneficiar do descrédito do respeitável público com o mainstream.
Se coloca como o anti-sistema, embora seja parlamentar da velha guarda. Aumenta a aderência como defensor da moralidade e da ética, mesmo que tenha no currículo episódios que apontem no sentido oposto. É o suficiente para atrair uma gama expressiva de eleitores com um discurso para quem já perdeu a paciência.
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Diante dos números, é nítido que hoje o eleitor escolhe muitas vezes por exclusão, e o excluído, na maior parte dos casos, carrega consigo ou cicatrizes de processos penais ou a marca da velha política.
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