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Topo da campanha pende à direita

Ao se lançar candidato, o Capitão Wagner (PR) enfatizou não ser “nem esquerda nem direita radical”. Procura dialogar com eleitores de ambos os campos e, sobretudo, com a maioria, que não fica de lado nenhum. Uma curiosidade sobre a vida política de Wagner: quando ele decidiu se lançar candidato pela primeira vez, para a eleição de 2010, ele não tinha vínculos políticos ou preferências.

 

Com respaldo da base da Polícia Militar, queria se eleger deputado estadual. Ele já travava embates com o governo Cid Gomes. Então, procurou opções na oposição. E a primeira legenda que buscou foi o Psol, segundo conta. Nunca obteve resposta. Então, procurou outra sigla de oposição. Acabou no PR, onde está até hoje.

 

São legendas drasticamente opostas. O Psol é da esquerda radical, da qual Wagner nega ser parte. O PR é o sucessor do antigo Partido Liberal, o PL, que por muito tempo foi controlado pela Igreja Universal. Tem raiz de direita e essência conservadora. Está aliado a PSDB e PMDB, espinha dorsal do governo Michel Temer.

 

Caso Wagner tivesse se filiado ao Psol para a eleição de 2010, teria dado ao partido votos suficientes para eleger João Alfredo deputado estadual. Hoje adversário de Wagner na disputa pela Prefeitura, João teve 33,6 mil votos. Wagner teve 28,8 mil. Nenhum deles foi eleito naquela ocasião. Mas isso é outra história.

 

Na outra das maiores coligações, Roberto Cláudio (PDT) pertence a grupo que se reivindica de centro-esquerda. É assim visto no âmbito nacional, embora seja rejeitado pela esquerda tradicional no Ceará. Na administração, o prefeito teve embates com os setores considerados mais progressistas – o mais contundente deles sobre os viadutos do Cocó. Mas adotou série de medidas, sobretudo na área de mobilidade, que representam acenos para esses segmentos. As mais perceptíveis são ações voltadas para bicicletas e corredores de ônibus.

 

Entre aliados de Roberto Cláudio, alguns defendiam que ele escolhesse vice que representasse aceno à esquerda. O deputado federal Chico Lopes, do PCdoB, seria a alternativa nesse caso. Chico, inclusive, tomou cuidados nas últimas semanas, na comunicação de seu mandato, para não ficar inelegível. Mas, para a função, a opção do prefeito acabou sendo por perfil oposto. Moroni é de partido de direita, o DEM. Tem no histórico ideais conservadores. Votou pelo impeachment de Dilma Rousseff (PT). A antítese de tudo que o grupo Ferreira Gomes tem defendido no plano nacional.

 

Roberto Cláudio acredita que o fator local será preponderante e a crise em Brasília terá pouco efeito na eleição, em comparação com fatores locais. É bem provável. Seja como for, em ambas as alianças, há fortes relações com o governo Temer e a defesa do impeachment de Dilma.

 

O ESPECTRO DA ESQUERDA

O atual prefeito tentará na campanha reforçar imagem progressista e de gestor avançado. Mas, na composição da aliança, pende à direita. Não será fácil atrair esse eleitor de esquerda com Moroni ao lado. Já causou incômodos na própria coligação, com o PCdoB. O mesmo vale para a aliança de Wagner, em que pese a tentativa de se colocar como candidato dos servidores públicos. As duas principais alianças apostam mais no discurso e no eleitor conservador. O pastor Ronaldo Martins (PRB) é outro que fala a esse eleitorado.

Com isso, o segmento à esquerda fica relativamente livre para outros candidatos. Luizianne Lins (PT) é egressa desse território e pode crescer aí. Com menos estrutura, João Alfredo também, além de Francisco Gonzaga (PSTU). Heitor Férrer (PDT) tem bom trânsito com esse eleitor. Chegou a flertar com PSDB e PRB, mas acabou fechando aliança com a Rede. Assim, qualifica-se a buscar o eleitor de esquerda moderada decepcionado com o PT. Gente nesse grupo não falta.

 

Resta Tin Gomes (PHS), cuja configuração ideológica, espera-se, ficará mais clara na campanha. 

 

Érico Firmo O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.

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