Partidos articulam alternativas para financiamento de campanha
Sob efeito da Operação Lava Jato, a estimativa de arrecadação das principais campanhas à Prefeitura de São Paulo despencou. Com a proibição de doações de empresas, os comitês dos candidatos do PT, PMDB e PSDB projetam gastar, juntos, até R$ 52 milhões no primeiro turno. Em 2012, só o prefeito Fernando Haddad (PT) declarou custo de R$ 67,9 milhões –cerca de R$ 90 milhões em valores atualizados. Líder nas pesquisas, o deputado federal Celso Russomano (PRB) –cuja candidatura pode ser barrada no Supremo Tribunal Federal não comenta.
No primeiro turno, cada campanha terá teto de R$ 45,4 milhões. Além da fixação de limite, a nova legislação proíbe o financiamento privado e limita a doações de pessoas físicas a 10% dos rendimentos declarados no ano anterior à eleição.
Os comitês terão que informar o CPF dos doadores ainda na campanha, o que, para os tesoureiros, assusta potenciais patrocinadores.
A campanha de Marta Suplicy (PMDB) estima arrecadação de até R$ 10 milhões, enquanto petistas têm expectativa de chegar a, no máximo, R$ 22 milhões. O presidente municipal do PMDB, José Yunes, diz ser lamentável que essa eleição sirva "de laboratório" e projeta que o modelo não deverá prosperar nas seguintes.
Coordenador da campanha de Haddad, o vereador Paulo Fiorillo (PT) também prevê que a nova norma "não sobreviverá". Encarregado de orientar a campanha de João Doria (PSDB), o advogado Anderson Pomini afirma que o tucano tentará investir na atração de apoiadores, incluindo via internet, e disponibilizar seus próprios recursos.
Com a proibição de doações de empresas, os candidatos vão apostar no fundo partidário e no "investimento de amigos" como principais fontes de recursos. As campanhas de Doria, Haddad e Marta Suplicy têm realizado, mesmo durante a pré-campanha, uma série de jantares com o intuito de garantir apoio financeiro quando as candidaturas estiverem registradas na Justiça Eleitoral.
Os encontros são classificados como "homenagens" aos políticos, mas a real intenção é mostrar que, com as novas regras, os candidatos dependerão cada vez mais do "ombro amigo". Há pouco mais de um mês, o advogado Ernesto Tzirulnik reuniu mais de 200 pessoas –entre juristas e artistas– em seu apartamento em torno de Haddad.
Embora a campanha do PT também esteja investindo em uma plataforma para receber doações de pessoas físicas pela internet, nos bastidores a aposta é que a ferramenta terá pouca eficiência prática. O petista e Doria estarão ainda na plataforma Voto Legal, do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral e do Instituto Arapyaú, que tem o mesmo propósito.
Na campanha de Marta a criação da ferramenta virtual também foi discutida, mas um integrante da equipe dela diz "duvidar" que neste momento de crise econômica no país uma "pessoa física normal" vá tirar dinheiro de seu salário para investir em um candidato. FOLHA DE SP