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Eleição em São Paulo ainda merece mais debate

Quando não se prestam a socos e cadeiradas, debates entre postulantes a um determinado cargo público cumprem uma função importante no contexto eleitoral: estimulam o confronto de ideias e propostas.

Não que estas e aquelas estejam ausentes em outros momentos da campanha; palanques e peças de rádio ou TV, contudo, revestem-se de inevitáveis toques publicitários, enquanto entrevistas não constituem o foro mais adequado para comparar iniciativas de diferentes candidaturas.

Além disso, no esforço de passar uma mensagem sintética e duradoura, candidatos costumam direcionar sua artilharia para características ideológicas, alianças partidárias e condutas pessoais, como se estivessem colando um selo de virtudes em si mesmos e carimbando os adversários com a marca dos defeitos.

São, sem dúvida, aspectos relevantes para o eleitor decidir o voto, mas eles não bastam. Quando se disputam cargos majoritários, como o comando da Prefeitura de São Paulo, é fundamental conhecer os programas de governo e saber como os principais candidatos os criticam e os defendem.

Daí por que são deploráveis os ataques físicos desferidos por José Luiz Datena (PSDB) contra Pablo Marçal (PRTB) e por um assessor deste contra o marqueteiro de Ricardo Nunes (MDB): além da boçalidade que representam, eles conspurcam uma ocasião preciosa para a vida democrática.

Sem arruaças dessa natureza, o encontro promovido pela Folha e pelo UOL nesta segunda (30) teve o mérito de adotar o banco de tempo, um formato tradicional na França que favorece a interação entre os participantes.

Utilizado pela primeira vez no Brasil em 2018, durante debate da Folha, do UOL e do SBTo modelo permite a cada candidato administrar seus minutos —20, no caso atual— como julgar melhor; sempre que alguém fala, seu tempo começa a ser descontado, como ocorre em partidas de xadrez.

Desde que o relógio permitisse, cada candidato podia fazer uso da palavra em qualquer resposta, mesmo que a pergunta não lhe tivesse sido dirigida. Assim, surgiram diversas oportunidades para um explorar o que considera um ponto vulnerável de outro.

Reconheça-se, entretanto, que mesmo esse esforço resulta insuficiente quando os postulantes preferem tergiversar, deixando de lado tanto os variados problemas da cidade quanto as soluções que prometem implementar.

Ao paulistano desolado com a qualidade das discussões resta o consolo de saber que há remotas chances de a eleição terminar no primeiro turno. De acordo com a pesquisa mais recente do Datafolha, o prefeito Nunes, o deputado Guilherme Boulos (PSOL) e o influencer Marçal brigam pelas duas vagas na segunda rodada.

Melhor assim. Quando sobrarem apenas dois postulantes no páreo, espera-se que o medo da rejeição os faça abandonar os subterfúgios rasteiros para que os temas da cidade possam, enfim, assumir o primeiro plano.

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