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Agressão ao vivo durante debate: entenda a escalada nos ataques mútuos que culminou em cadeirada de Datena em Marçal

Por  — São Paulo / O GLOBO

 

O debate entre candidatos à prefeitura de São Paulo realizado pela TV Cultura, na noite deste domingo, ficou marcado por uma agressão cometida por José Luiz Datena (PSDB) contra Pablo Marçal (PRTB), após uma sequência de insultos e provocações entre ambos.

 

Marçal, que vinha anunciando nos últimos dias a intenção de “desestabilizar” Datena e forçá-lo a desistir da candidatura, iniciou o debate citando uma acusação por assédio sexual contra o candidato tucano. Sem digerir a fala de Marçal, Datena retomou o assunto em diferentes momentos para negar quaisquer acusações e atingiu o candidato do PRTB com uma cadeira após uma das provocações.

 

No primeiro bloco de perguntas entre candidatos, Datena se recusou a elaborar uma questão para Marçal após o candidato do PRTB ser sorteado para respondê-lo.

 

-- Me reservo ao direito de não perguntar nada. Até agora ele subverteu toda a perspectiva desses debates, transformando em mero programa para a internet dele -- criticou Datena.

 

Menção a caso de assédio

O candidato do PRTB aproveitou o tempo de resposta, sem ter uma pergunta específica para responder, e levantou o primeiro ataque contra Datena, dizendo que o apresentador de TV “responde por assédio sexual”.

 

'Ladrãozinho de banco'

Ao negar as acusações e frisar que o caso havia sido arquivado, Datena chamou Marçal de “ladrãozinho de banco devidamente acusado e condenado”, referindo-se a uma condenação do candidato do PRTB por furto qualificado em 2010. Investigação da Polícia Federal apontou que ele integrava um grupo que disparava e-mails para obter dados bancários. A pena foi extinta por prescrição do processo.

 

  • Nunes apartando, grito de Marina e xingamentos fora do ar: Vídeo mostra agressão de Datena a Marçal por outro ângulo Incomodado com a menção ao suposto caso de assédio, Datena repetiu também, ao longo do debate, que o episódio havia gerado desgastes à sua família, e instou Marçal a se retratar.

Choro e nova provocação

O candidato do PRTB, porém, manteve o tom provocativo e citou o choro do adversário durante uma sabatina na semana passada. Na ocasião, Datena se emocionou ao comentar seu rendimento aquém do esperado nas pesquisas de intenção de voto, e disse que encerraria a carreira "sem realizar o sonho" de se eleger a um cargo público.

 

No quarto bloco do debate, Marçal lembrou ainda que, em um debate anterior nesta campanha, Datena havia se dirigido até seu púlpito com a suposta intenção de lhe agredir. A cena já havia sido resgatada por Marçal na primeira troca de insultos entre ambos, quando o candidato do PRTB disse que Datena "ladra e não morde".

— Você atravessou o debate esses dias para me dar um tapa, você não é homem nem para fazer isso — falou Marçal, que neste momento foi atingido por Datena com uma cadeira.

 

Um no hospital, outro 'sem arrependimento'

Após a agressão, Datena foi expulso do debate e Marçal, que disse não estar se sentindo bem depois de ser atingido, também se retirou do estúdio e foi a um hospital.

 

Em conversa com jornalistas depois da expulsão, Datena disse que perdeu a cabeça e reiterou que “jamais cometeu uma barbaridade dessa”, referindo-se à acusação de assédio.

 

— A partir do momento que eu me senti agredido ali, eu vi a figura da minha sogra, que, repito, morreu por causa disso, e infelizmente eu perdi a cabeça. Poderia ter simplesmente saído do debate e ido embora pra casa, que era muito melhor. Mas, do mesmo jeito que eu choro como uma reação humana, essa foi uma reação humana que eu não pude conter — afirmou Datena, que depois acrescentou não ter se arrependido.

A assessoria de Marçal, por sua vez, informou que ele precisou ser encaminhado “às pressas” para o Hospital Sírio-Libanês, e criticou a continuidade do debate sem o candidato do PRTB.

 

“É lamentável que o debate tenha continuado, mesmo sem a presença do candidato agredido”, diz a nota, que ainda citou que Marçal teria “suspeitas de fraturas” no tórax e “dificuldade para respirar”.

 

Repúdio de concorrentes

O episódio levou a uma guinada no debate, até então concentrado em ataques de diferentes candidatos a Marçal e ao atual prefeito Ricardo Nunes (MDB) — que buscava, por sua vez, associar o adversário Guilherme Boulos (PSOL) a propostas de legalização das drogas.

 

Imediatamente após a agressão, Boulos, Tabata Amaral (PSB) e Marina Helena (Novo) lamentaram o ocorrido. Dos candidatos remanescentes, apenas o prefeito Ricardo Nunes, que disputa o eleitorado à direita com Marçal, não mencionou logo o episódio — ao qual só fez referência em suas considerações finais.

 

Após a saída de Marçal, Nunes concentrou a artilharia em Boulos, em um embate que rendeu pedidos de direito de resposta para ambos. O prefeito acusou o psolista de atuar a favor da “liberação” das drogas. Boulos, por sua vez, acusou Nunes de irregularidades.

 

— Dinheiro que era para ir para a educação infantil foi desviado para a máfia das creches. Tem também uma denúncia de relação do PCC, do tráfico de drogas, com a máfia das creches — disse Boulos. Ao retrucar, Nunes sugeriu que o rival teria usado drogas, factoide levantado por Marçal na campanha.

 

— Está louco, rapaz? Eu nunca tive nenhuma condenação. Tenho uma vida limpa. Agora vem você, um invasor, um cara que tem as mãos sujas, vir falar da minha conduta, da minha reputação?

 

Ao lamentar o episódio de agressão, Tabata criticou também o tom do embate entre Nunes e Boulos e disse que tem “muita vergonha da postura dos homens nesse debate”. Helena, que já havia criticado Marçal ao longo do encontro por seu comportamento no debate e na campanha, classificou as cenas como “deprimentes” e defendeu o voto em candidatos que tenham “maturidade”.

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