'A pergunta sobre constrangimento poderia ser feita a ele', diz bolsonarista do
Por Rafaela Gama / O GLOBO
Correligionário e um dos principais aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro no Ceará, o deputado estadual Carmelo Neto (PL) não demonstrou incômodo em dividir o palanque com o ex-governador Ciro Gomes (PDT). No último fim de semana, em Juazeiro do Norte, os dois participaram do lançamento da candidatura do prefeito Glêdson Bezerra (Podemos), apoiado por ambos, à reeleição.
— A pergunta sobre constrangimento poderia ser feita a ele, eu estou no palanque onde sempre estive. Em 2020 ajudei a construir a campanha do prefeito Glêdson Bezerra em Juazeiro do Norte, onde saímos vitoriosos, derrotando o candidato do próprio Ciro — afirmou Neto, que é também é presidente estadual do PL.
Apresença de Ciro e de outras lideranças locais ocorreu em apoio a Bezerra, que em 2022 declarou voto em Bolsonaro devido ao “desempenho do governo federal na condução da economia em meio à pandemia e à guerra na Ucrânia”. No ano anterior, ele posou com o então presidente em foto.
Bezerra deve ter como principal adversário o deputado estadual Fernando Santana (PT), que contará com o apoio do senador Cid Gomes, irmão de Ciro e com quem ele está rompido desde as eleições de 2022. Santana também terá a seu favor o governador do Ceará, Elmano de Freitas (PT).
— Em 2022, eu e Glêdson estivemos juntos em atos de campanha do presidente Jair Bolsonaro, e agora, em 2024, estamos juntos mais uma vez. Eu sempre estive do mesmo lado. O PT é um câncer para o Ceará, que tem aumentado a violência, os impostos, sucateado nossa saúde e endividado o estado. Tenho combatido e denunciado isso há anos, e agora o Ciro decidiu lutar contra também — disse Carmelo Neto.
A candidatura de Bezerra não será a única alinhada ao bolsonarista a ser chancelada por Ciro Gomes, que chegou a ser ministro da Integração Nacional no primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). No Crato, onde esteve em palanque de lançamento da candidatura de Dr. Aloísio (União), Ciro disse que o Ceará enfrentava uma “ditadura” ao comentar sobre a disputa acirrada entre PT e PDT.
— O Ceará está sendo destruído pela incompetência, pela corrupção, pelo mandonismo. Há uma ditadura tentando ser construída, tirando os direitos das pessoas de escolherem suas candidaturas. Tudo armado para que o novo ditador do Ceará não tenha sequer contrastes, e tenho certeza que o Cariri vai se levantar — discursou Ciro.
No estado, Ciro também tem feito ataques direcionados ao ministro da Educação e ex-governador Camilo Santana (PT). Desde o rompimento da aliança entre o PT e o PDT no estado, Ciro critica Santana e o classifica como “traidor”.