PT traça estratégia para o difícil embate nas urnas nas maiores cidades do Ceará em 2024
Escrito por Inácio Aguiar / diarionordeste
Partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o PT perdeu espaço, na última década, no tabuleiro eleitoral das prefeituras municipais. De volta ao Palácio do Planalto, entretanto, o partido montou uma ofensiva e está projetando um resultado expressivo no Brasil e, claro, também no Estado do Ceará nas eleições municipais de 2024.
Se, por um lado, o retorno ao poder nacional representa um peso positivo ao partido na nova empreitada, por outro o cenário nas principais cidades cearenses apresenta desafios que poderá frustrar os planos das lideranças locais e nacionais petistas em caso de deslize nas estratégias ou vácuos na condução das alianças para montar as chapas eleitorais.
Começando por Fortaleza, a maior cidade do Estado e da região Nordeste, o PT caminha para lançar candidatura própria, a ser anunciada no próximo dia 21 de abril no Encontro Municipal da Legenda. Pelas perspectivas de bastidores, o presidente da Assembleia Legislativa do Estado, Evandro Leitão, deverá ser o ungido do petismo, mas há questões a serem consideradas como desafiadoras.
Quem detém a Prefeitura da Capital é o PDT de José Sarto. Nacionalmente, os dois partidos estão aliados. O pedetista Carlos Lupi, por exemplo, ocupa o Ministério da Previdência no governo Lula. Porém, o clima entre os partidos no Ceará é de rompimento e racha desde a eleição de 2022.
Com Sarto disputando a reeleição, o PT sabe das dificuldades que terá em um cenário com outros pré-candidatos fortes como caso de Capitão Wagner (União) e André Fernandes (PL). Do outro lado do cenário, há a composição com partidos aliados ao PT que anda, aparentemente, tranquila e conta com PP, Republicanos, MDB, PSD e PSB. Este último, porém, um caso a se observar. Depois de filiar Cid Gomes, a sigla cresceu e passou a significar uma força a ser ouvida no processo de definição.
Caucaia
Ainda na Região Metropolitana, em Caucaia, o partido também terá candidatura própria. A costura política culminou no recente anúncio do nome do secretário de Articulação Política do Governo Elmano, Waldemir Catanho – ligado à deputada Luizianne Lins – para a cabeça de chapa com apoio do prefeito Vitor Valim. Um nome local, da própria cidade, deverá ocupar a vaga de vice-prefeito.
Mesmo com o poder, o cenário em Caucaia é conturbado. O fato de o prefeito abrir mão da reeleição gerou muitas especulações entre os aliados no próprio município. O fim do mandato marca ainda desgastes de imagem de uma gestão que começou apresentando projetos interessantes e vai passar por um teste de fogo nas urnas.
Juazeiro do Norte
Outro ponto focal da estratégia petista é o maior município do Interior do Estado: Juazeiro do Norte. Lá, o governador Elmano chegou a ensaiar uma aliança com o prefeito Glêdson Bezerra (Podemos), mas atualmente, as partes estão rompidas. E já é praticamente certo que o vice-presidente da Assembleia, deputado Fernando Santana, será o candidato petista na Cidade, na oposição ao prefeito.
Juazeiro tem uma tradição de não reeleger prefeitos. Até hoje, nenhum gestor conseguiu renovar o mandato nas urnas. Uma peculiaridade no Cariri poderá tornar a jornada petista mais difícil: a cidade do Padre Cícero está bem perto de chegar aos 200 mil eleitores, tendo, portanto, disputa eleitoral em dois turnos.
Essa particularidade poderá apresentar novos elementos para a disputa. Além disso, Fernando Santana terá o desafio de unir as forças governistas no município para a empreitada. O grupo tem nomes como o deputado estadual Davi de Raimundão, o ex-deputado Nelinho e o ex-prefeito Arnon Bezerra.
Maracanaú
Em Maracanaú, há duas hipóteses para o partido: apoiar a reeleição do prefeito Roberto Pessoa (União) ou apresentar candidatura própria. O deputado estadual Júlio César Filho, ex-líder do governo Camilo Santana na Assembleia, é um nome que tenta se viabilizar.
Nos bastidores, entretanto, há uma possibilidade real de aliança com o prefeito da Cidade, que tem prestado apoio ao governador Elmano de Freitas. Essa disputa poderá ter reflexos, inclusive, em cidades vizinhas como Pacatuba.
Sobral
Por fim, não é provável que o PT tenha candidato próprio em Sobral, na região Norte do Estado. No berço político dos irmãos Ferreira Gomes, o partido mantém aliança, mas a relação entre a vice-prefeita Crhistianne Coelho e o prefeito Ivo Gomes já foi melhor.
Recentemente, a gestão promoveu exonerações no gabinete da Vice-Prefeitura e até a devolução do prédio sede que era alugado.
O momento ainda é de indefinições na sucessão municipal em Sobral, mas é praticamente certo que o partido não deve ter candidato próprio a prefeito da Cidade.