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Rodrigo vai apoiar Tarcísio em SP e marca encontro com Bolsonaro

SÃO PAULO

O governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), entrou em acordo com Tarcísio de Freitas (Republicanos) para declarar apoio ao candidato de Jair Bolsonaro (PL) ao Governo de São Paulo.

Nesta terça-feira (4), Rodrigo também tem um encontro com o presidente na capital paulista, indicando que o apoio a Bolsonaro na corrida pela Presidência também está encaminhado.

Rodrigo terminou o primeiro turno da eleição em terceiro lugar, com 18,4% dos votos válidos, e não avançou para o segundo turno, numa derrota histórica para o PSDB no estado.

 

O apoio declarado dos tucanos paulistas a Tarcísio e Bolsonaro é um revés para as campanhas de Fernando Haddad (PT) e Lula (PT), que também buscavam atrair a sigla nesta segunda etapa da disputa em que enfrentam os bolsonaristas. Tarcísio terminou com 42,32% contra 35,70% do petista.

Na segunda-feira (3), a campanha de Haddad chegou a procurar interlocutores de Rodrigo, mas não teve contato direto com o governador.

De acordo com aliados de Rodrigo, o governador viu vantagem em fechar uma aliança com Tarcísio na expectativa de que o PSDB mantenha parte dos cargos e das secretarias que ocupa hoje na estrutura governamental, incluindo o Sebrae. A manutenção do comando da Assembleia Legislativa também é um pleito dos tucanos.

Os tucanos levaram em conta que Tarcísio e sua coligação não teriam quadros suficientes e precisariam do apoio do PSDB para tocar o governo. Além disso, o movimento de apoio também busca blindar que tucanos sejam alvo de investigações ou retaliações promovidas pelo eventual governo Tarcísio.

Pesou ainda o fato de que Tarcísio é considerado favorito para o cargo num estado que sempre elegeu governos de direita. O bolsonarista terminou o primeiro turno em primeiro lugar e tem rejeição menor do que o adversário Haddad.

O PSDB em São Paulo também considera o PT um adversário histórico e, de acordo com interlocutores de Rodrigo, não havia sentido apoiar os petistas no segundo turno.

No interior, prefeitos ligados ao PSDB já iniciaram um embarque na campanha de Tarcísio, a exemplo do prefeito de Ribeirão Preto, Duarte Nogueira (PSDB). "Por coerência, não posso apoiar um candidato [Lula] que foi condenado e preso pelo maior escândalo de corrupção do nosso país. Luto contra a corrupção generalizada no PT há muitos anos", disse.

Rodrigo deixou a corrida eleitoral com mágoa dos adversários —os ataques de Haddad a ele contribuíram com a migração para Tarcísio. A campanha do PT preferia enfrentar Tarcísio no segundo turno, considerando que o bolsonarista seria menos competitivo e, por isso, centrou críticas em Rodrigo.

Haddad, por exemplo, questionou Rodrigo sobre o desconhecimento dos atos praticados pelo irmão Marco Aurélio Garcia, o Lelo, condenado por lavagem de dinheiro na chamada máfia do ISS.

De acordo com a coluna Mônica Bergamo, a condenação de Lelo gerou aversão da família de Rodrigo em relação a Haddad, já que o esquema foi investigado pela gestão do petista quando ele era prefeito da cidade de São Paulo.

Na campanha, o petista também tentou colar a imagem de Rodrigo na de Paulo Maluf, enquanto o tucano dizia que debutou na política durante a gestão de Mário Covas (PSDB).

A campanha de Haddad manteve peças ressaltando a ligação entre Rodrigo e o impopular João Doria (PSDB), além de o ex-prefeito ter feito fortes críticas ao governo e ao governador durante debates. O aumento de impostos na pandemia foi um ponto explorado pelo petista.

A questão dos ataques a Rodrigo e a menor artilharia contra Tarcísio é uma crítica forte por parte da equipe de Lula à equipe de Haddad. Os lulistas cobravam ataques mais fortes em Tarcísio para fragilizar o palanque de Bolsonaro em São Paulo, onde o presidente acabou, por fim, tendo mais votos que Lula.

Emissários de Lula chegaram a propor que Haddad amenizasse as críticas a Rodrigo, na expectativa de que, com o gesto, o tucano viesse a apoiá-los em um segundo turno.

Como mostrou a Folha, a eleição em São Paulo embaralha a busca de Lula por apoios na corrida presidencial, inclusive o do PSDB. A executiva nacional do PSDB, que se reúne nesta terça, tende a ficar em cima do muro e liberar os líderes para apoiar Lula ou Bolsonaro.

A sigla está dividida entre a bancada de deputados federais —que são mais próximos do bolsonarismo do que da esquerda— e os cabeças brancas, que preferem Lula. O ex-senador Aloysio Nunes (SP) já estava com o petista no primeiro turno, e o senador Tasso Jereissati (CE) declarou apoio nesta segunda.

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