Colunista do UOL
03/10/2022 11h45
As urnas reabriram uma disputa presidencial que as pesquisas indicavam estar liquidada. Embora Lula tenha chegado ao segundo turno com uma vantagem próxima de 6 milhões de votos, o eleitor brasileiro recolocou no baralho a carta da reeleição de Bolsonaro. Nos próximos dias, serão desenvolvidas muitas teorias sobre a incapacidade dos institutos de pesquisas de medir o bolsonarismo enrustido. Mas nenhuma explicação será capaz de superar a mais singela: o povo foi chamado a votar, cada eleitor teve direito a um voto, as urnas foram contadas e a vantagem de Lula sobre Bolsonaro, que as pesquisa estimavam em até 14 pontos, foi reduzida a cinco pontos percentuais: 48% a 43%. Os dois com.
O desafio de Bolsonaro continua sendo maior do que o de Lula. Entre todos os presidentes que já disputaram a reeleição, ostenta o pior desempenho em termos proporcionais. De resto, nunca houve uma virada nas disputas presidenciais que escorregaram para o segundo turno. Mas a distância miúda, a sobrevivência do antipetismo e a evidência de que o antibolsonarismo é menor do que as pesquisas faziam supor transformam 2022 numa espécie de convite ao ineditismo.
Somando-se os votos obtidos por Simone Tebet (4,9 milhões), por Ciro Gomes (3,6 milhões) e pelos outros candidatos (quase 1,4 milhão de votos), há na praça cerca de 9,9 milhões de eleitores por conquistar. Para prevalecer, Lula precisa obter 19% desse patrimônio. Bolsonaro, 67%. O jogo recomeçou. As cartas estão na mesa.