Zema vira principal alvo e troca acusações com Kalil em debate ao Governo de Minas
Realizado a cinco dias do primeiro turno, o debate da TV Globo em Minas Gerais teve o governador Romeu Zema (Novo), que busca a reeleição, como o alvo principal de todos os demais candidatos na noite desta terça-feira (27).
O encontro também foi marcado por troca de acusações e ofensas pessoais entre o governador e Alexandre Kalil (PSD), segundo colocado nas pesquisas.
Incomodado com as críticas dos adversários, Zema chegou a bater no púlpito ao responder uma das perguntas. Em um momento mais tenso, fez ataques pessoais a Kalil, a quem chamou de "mentiroso profissional".
O ex-prefeito, por sua vez, disse que acusações contra o governador fazem qualquer acusação contra ele ser "sessão da tarde".
Entre os temas que colocaram a gestão de Zema no alvo, estavam planos para a saúde, posição em relação à mineração na Serra do Curral e a dívida do estado com a União.
Esse foi o primeiro debate com a participação do governador, que já havia faltado a outros dois encontros, promovidos pela Band e SBT. Além dele e Kalil, participaram os candidatos Carlos Viana (PL), Lorene Figueiredo (PSOL) e Marcus Pestana (PSDB).
Em comum, candidatos questionaram em vários momentos a afirmação da campanha de Zema de que "Minas está nos trilhos" e propostas do governador, que lidera as pesquisas.
Zema, por sua vez, repetiu mote de campanha e buscou reforçar críticas à gestão de seu antecessor, o ex-governador Fernando Pimentel, do PT —cuja imagem tenta associar a Kalil por seu apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, também do PT.
"Queria dizer que Zema tem que esquecer Pimentel e começar a governar. Diz que o trem está nos trilhos, mas não é verdade, Minas está na zona de rebaixamento", disse Pestana, ao ser questionado por ele sobre planos para a educação.
"Ano que vem é R$ 23 bilhões de prejuízo, e Minas não está nos trilhos", emendou Kalil em outro momento.
O governador também foi alvo de dobradinhas de outros candidatos em questões sobre adesão do estado ao regime de recuperação fiscal e propostas contra feminicídio, por exemplo.
Nesse momento, Lorene Figueiredo relembrou declarações dadas pelo governador durante o mandato e consideradas machistas, como ao dizer que a opressão à mulher "é meio que parte do instituto natural" do homem.
Incomodado, Zema reclamou e chegou a bater no púlpito durante uma das falas em pergunta sobre a fome. "Esse pessoal está muito bom de discurso, e só acusando meu governo. Fala de social, que vai fazer o social, mas representa o governo PT e Pimentel, que não pagou prefeito, que não mandou merenda para escolas."
A reação foi alvo de críticas pelos demais candidatos. "Quero essa valentia para proteger a serra e a mineração", disse Kalil.
A situação levou a um momento tenso no terceiro bloco, quando o ex-prefeito de Belo Horizonte questionou o governador sobre políticas para enfrentar a pobreza e criticou respostas curtas dadas por ele em perguntas.
A partir daí, Zema passou a trocar acusações pessoais com Kalil.
"Ele falou que eu bati a mão na mesa. Outro dia ele foi dar uma entrevista e queria jogar o repórter pela janela", afirmou. "Candidato Kalil, o que o senhor herdou, acabou com tudo e vive como milionário. O que eu herdei, multipliquei e vivo com simplicidade. Uma das suas mentiras é que fez curso de engenharia, nunca formou. É um mentiroso profissional, o seu esporte é esse", afirmou.
Em nova pergunta, Zema questionou se Kalil reconhecia três nomes de cidades do interior. Diante da resposta negativa, disse que o ex-prefeito não conhece Minas Gerais e tem "ojeriza pelas pessoas".
Kalil chegou a pedir direito de resposta, mas teve o pedido negado. Ao responder a pergunta, passou a rebater as críticas. "A acusação que tem contra o senhor, a minha é sessão da tarde", disse. "Ele se dirigiu à minha vida pessoal, como se a dele fosse um cristal. Eu não tenho coragem de falar a acusação que pesa sobre ele", completou.,
Em outro momento, Zema aproveitou para se defender de críticas sobre sua gestão ter dado autorização para mineração na Serra do Curral, cartão-postal de Belo Horizonte.
"Quero lembrar que pedimos o tombamento", disse. A fala foi ironizada por Pestana. "Se nada valer essa eleição, ao menos uma coisa já conquistamos: o recuo do governador sobre a Serra do Curral."
Ainda durante o debate, Kalil aproveitou uma pergunta feita por Carlos Viana para defender o ex-presidente Lula, de quem é aliado. O mesmo foi feito por Viana em relação ao atual presidente, Jair Bolsonaro (PL).
Já Zema, que diz apoiar o candidato do Novo, Felipe D'Avila, evitou nacionalizar o debate. A postura considerada neutra nestas eleições difere de 2018, quando pediu votos a Bolsonaro também ao fim de um debate na Globo.
Atualmente, Zema lidera as pesquisas de intenção de voto em Minas Gerais. Levantamento feito pelo Datafolha na última semana, no entanto, mostrou que diminuiu a distância do governador em relação a Kalil, que é apoiado pelo ex-presidente Lula.
Na pesquisa, Zema aparece com 48% das intenções de voto, contra 28% de Kalil. Na sondagem anterior, o placar estava em 53% a 25%. Na terceira posição se mantém o senador Carlos Viana, que tinha 5% e agora tem 4%. A margem de erro é de três pontos percentuais, para mais ou para menos.