Em Pernambuco, Bolsonaro discursa contra Bolsa Família e exalta Auxílio Brasil
Por Izael Pereira e Lavínia Kaucz / O ESTADÃO
BRASÍLIA - O presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) voltou a exaltar o Auxílio Brasil em contraponto ao Bolsa Família neste sábado, 17. Em discurso a apoiadores em Caruaru (PE), Bolsonaro disse que o seu governo gastou em 2020 “o equivalente a 15 anos do Bolsa Família”.
O presidente repetiu em seu discurso que o “PT só pensa em ajudar as pessoas na época da eleição” e que o partido votou contra o Auxílio Brasil de R$ 600 no Congresso. Apesar de vir repetindo em seus comícios de campanha que os petistas votaram contra o Auxílio Brasil, a afirmação não é verdadeira. Os parlamentares do PT tentaram barrar a chamada “PEC dos Precatórios”, que permite adiar o pagamento de dívidas reconhecidas pela Justiça, e não contra o benefício, que foi criado por meio de Medida Provisória.
Criado pelo governo petista, o benefício do Bolsa Família foi substituído pelo Auxílio Brasil no final do ano passado. As duas campanhas, do presidente Bolsonaro e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), têm prometido manter o valor de R$ 600,00 do Auxílio em 2023. A ideia do PT, no entanto, é que o benefício seja um Novo Bolsa Família.
Bolsonaro participou de motociata por cidades de Pernambuco, Estado onde tem apenas 22% das intenções de voto, segundo pesquisa Ipec de 6 de setembro. A preferência do eleitorado pernambucano, segundo o levantamento, é do ex-presidente Lula, que lidera com 62% das intenções de voto.
Durante o discurso, o presidente voltou a criticar o fechamento dos estabelecimentos durante a pandemia da covid-19. “Repito, eu não fechei nenhuma casa de comércio no Brasil, não fechei nenhuma escola.”
Em aceno ao Nordeste, Bolsonaro disse que a região “será grande potência em energia” e que seu governo começou a instalação de cataventos na costa do Nordeste. “Geraremos energia equivalente a 50 Itaipus.”
Bolsonaro também citou o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), setor aliado de Lula com força no Nordeste. Ele disse que seu governo transformou “antes integrantes da máfia do MST em cidadãos” e que “deu títulos da reforma agrária para mais de 400 mil assentados”. Destacou ainda que a maior parte dos títulos foram dados a mulheres - parcela do eleitorado que tem forte rejeição à sua candidatura.
Pauta de costumes
O presidente voltou a defender a pauta de costumes. “Nós defendemos a família de verdade. Não teremos legalização de drogas e do aborto e não admitimos ideologia de gênero aqui no Brasil”, disse.
Em aceno a evangélicos, Bolsonaro disse que “o Estado é laico, mas o presidente da República, seus ministros e candidatos são cristãos”. Também afirmou, em referência velada ao Supremo Tribunal Federal (STF), alvo frequente de suas críticas, que é preciso se preocupar com “aqueles que querem tirar liberdade no Brasil”.
Bolsonaro exaltou ainda a melhora na economia no seu governo e disse que o Brasil está com “combustível lá embaixo, desemprego lá embaixo, o PIB lá em cima”. A melhora nos indicadores econômicos foi puxada pela retomada das atividades no cenário pós-pandemia. Já a queda nos preços dos combustíveis é resultado da diminuição da cotação do barril de petróleo no mercado internacional e da redução de impostos forçada pelo governo em ano de eleições.
Em crítica ao governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), líder das intenções de voto no Nordeste, Bolsonaro disse que “falta escolhermos pessoas adequadas para compormos nosso parlamento, a presidência da República, para sairmos da situação de 3° mundo” e que “não queremos a volta dos escândalos que tínhamos no passado”.
De Caruaru, o atual chefe do Executivo segue para Garanhuns (PE), cidade natal de Lula, para participar da “Marcha para Jesus”. Depois, segue para Recife, onde embarca para a Inglaterra, para participar do funeral da Rainha Elizabeth II, na segunda-feira, 19.