Os ‘nomes malditos’ dos governos do PT que Bolsonaro vai trazer para o horário eleitoral
Por Rafael Moraes Moura — Brasília O GLOBO
A campanha de Jair Bolsonaro à reeleição planeja resgatar no horário eleitoral a memória de escândalos de corrupção que abalaram os governos do PT para aumentar a rejeição à figura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O petista lidera as pesquisas de intenção de voto, mas o atual ocupante do Palácio do Planalto tem demonstrado poder de recuperação.A estratégia do marketing de Bolsonaro se baseia em sondagens internas da campanha que mostram que o eleitor que se diz inclinado a votar em Lula hesita e até muda de ideia ao ser exposto a vídeos sobre a corrupção nos governos petistas.
O objetivo é ressuscitar na lembrança popular os escândalos de corrupção do mensalão e do petrolão – principalmente entre os jovens, que eram crianças e não têm muitas lembranças dos governos Lula. Foi com base nessas sondagens internas da campanha que aliados de Bolsonaro definiram a relação de “nomes malditos” associados ao PT que devem ser exaustivamente explorados no marketing eleitoral. Os ex-ministros José Dirceu e o ex-presidente do PT José Genoino, derrubados no esquema do mensalão, e o ex-ministro Antonio Palocci, defenestrado do governo Lula após a quebra ilegal do sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa, deverão ser “estrelas” do programa do PL na TV. Outro personagem considerado explosivo e que vai ser lembrado pela campanha à reeleição de Bolsonaro é o delator Pedro Barusco, ex-gerente da diretoria de Serviços da Petrobras.
Barusco afirmou em delação premiada que, no período de 2003 a 2013, o PT recebeu entre US$ 150 milhões e US$ 200 milhões em propina de 90 contratos firmados pela estatal. O partido rechaça as acusações. “Não é tirar os esqueletos. Eles estão vivos ainda, né?", disse à equipe da coluna o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). "Os efeitos da roubalheira do PT estão vivos ainda no Brasil, tem que lembrar a população qual é a realidade com o PT no governo.” O famoso áudio em que a então presidente Dilma Rousseff fala com Lula sobre a sua nomeação para a Casa Civil também deve ser usado na campanha de Bolsonaro.
Na época, com o governo abalado pelos sucessivos escândalos de corrupção revelados pela Lava Jato e a crescente ameaça de impeachment, Dilma tentou uma última cartada para se manter no cargo, indicando Lula para o cargo mais importante do primeiro escalão. Um grampo telefônico em Lula detectou a conversa de apenas um minuto e trinta e cinco segundos, em que Dilma fala com Lula sobre o termo de posse. "Seguinte, eu tô mandando o 'Bessias' (referência a Jorge Messias, então subchefe de assuntos jurídicos da Casa Civil) junto com o papel pra gente ter ele, e só usa em caso de necessidade, que é o termo de posse, né?", disse Dilma.
O grampo foi interpretado como uma tentativa de Dilma de evitar a prisão de Lula, que teria foro privilegiado ao assumir o cargo. A nomeação do petista acabou sendo suspensa pelo ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), o que foi a pá de cal no governo Dilma.