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Por Bolsonaro, PL sai de um nome em 2018 para 14 candidatos a governador

Por Bernardo Mello — Rio / O GLOBO

 

Buscando assegurar palanques estaduais para o presidente Jair Bolsonaro na campanha à reeleição, o PL planeja uma guinada em sua estratégia de candidaturas a governador para lançar até 14 chapas próprias neste ano. Em 2018, com perfil mais voltado para a disputa por cadeiras no Legislativo, o partido havia lançado apenas um nome ao governo. A nova diretriz adotada para impulsionar Bolsonaro na disputa contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que lidera as pesquisas até aqui, levou o PL a abrir frentes de embate direto em nove estados com o PT, que tem hoje 13 pré-candidaturas no total. O número é menor do que na última eleição, quando teve 16 representantes nas disputas pelos Executivos estaduais.

 

Os dados fazem parte do Guia O GLOBO Eleições, um mapa digital lançado neste domingo, com fichas que apresentam os pré-candidatos a governos estaduais e ao Senado em todos os estados e no Distrito Federal. As fichas reúnem o histórico de siglas e cargos públicos ocupados pelos candidatos, além de breves biografias e do desenho de palanques presidenciais pelo país. A plataforma será atualizada conforme as candidaturas forem aprovadas ou retiradas no período de convenções partidárias, que começa no dia 20.

 

Em 2018, PL e PT juntos

 

PL e PT estão entre os partidos com mais pré-candidatos a governador. O União Brasil, partido criado pela fusão entre PSL e DEM e que terá a maior fatia do fundo eleitoral, com cerca de R$ 800 milhões, tem 14 pré-candidatos, mesmo número do PL. O PSOL, que declarou apoio a Lula na eleição presidencial, tem 16 pré-candidaturas já aprovadas. A legenda, que havia tido candidato à Presidência em todas as eleições que disputou até hoje, costuma adotar a estratégia de lançar chapas majoritárias também nos estados para dar maior visibilidade a seus candidatos à Câmara.

 

Em 2018, quando ainda se chamava Partido da República (PR), o PL lançou sua única candidatura ao governo com Wellington Fagundes, no Mato Grosso, em uma aliança que incluiu o PT. Neste ano, as siglas devem caminhar separadas em todos os estados.

 

Metade das pré-candidaturas do PL a governador em 2022 foi lançada em estados onde Bolsonaro não tem outro palanque. A lista inclui alguns dos principais colégios eleitorais do país, como Bahia e Minas Gerais, estados em que o partido lançou, respectivamente, o ex-ministro João Roma e o senador Carlos Viana. Em ambos os casos, a campanha de Bolsonaro tentou, sem sucesso, alianças com candidatos mais bem posicionados em pesquisas.

 

Na Bahia, Bolsonaro sondou o apoio do ex-prefeito de Salvador ACM Neto (União), que preferiu manter seu palanque aberto e se desvincular da disputa presidencial. Ele procura atrair tanto eleitores bolsonaristas quanto aqueles mais próximos a Lula, que apoia na disputa baiana o ex-secretário de Educação Jerônimo Rodrigues (PT). Em Minas, numa situação similar, o governador Romeu Zema (Novo) recusou o apoio formal de Bolsonaro e declarou que apoiará o presidenciável de seu partido, Luiz Felipe D’Ávila.

 

O PT, que já reduziu suas candidaturas próprias na comparação com 2018, pode enxugar ainda mais o número de chapas petistas em prol de acordos com legendas de sua coligação, especialmente o PSB. As duas siglas ainda negociam composições em chapas aos governos, tendo o PSB à frente, no Espírito Santo, em Rondônia e no Acre. Em São Paulo, o pessebista Márcio França recuou de sua candidatura na sexta-feira para declarar apoio ao petista Fernando Haddad. O PT também buscou uma composição no Distrito Federal com o PV, que faz parte de sua federação, e que abrigou a pré-candidatura de Leandro Grass ao governo.

 

— A prioridade é eleger presidente, senador e deputado federal. Vamos ter candidatos a governador onde tivermos tamanho para isso. O número de candidaturas ainda pode passar por ajustes, a depender das alianças — disse o deputado José Guimarães (PT-CE), vice-presidente nacional e coordenador do grupo de trabalho eleitoral do partido.

 

Mesmo mais aberto a composições fora da cabeça de chapa, o PT fechou questão para manter pré-candidatos que rivalizam com o PSB em estados como Rio Grande do Sul e Paraíba. Na disputa gaúcha, um dos principais pontos de desavença entre os dois partidos, o PSB tentou atrair o apoio de Lula ao deputado Beto Albuquerque, mas o PT manteve a pré-candidatura de Edegar Pretto. O palanque bolsonarista é encabeçado pelo ex-ministro Onyx Lorenzoni (PL). Na Paraíba, o governador João Azevêdo (PSB) busca o apoio de Lula para concorrer à reeleição, mas o PT lançará o ex-governador Ricardo Coutinho, seu desafeto, como candidato ao Senado na chapa de Veneziano Vital do Rêgo (MDB).

 

Espaço aberto a rival

 

Em contraste com o salto de pré-candidatos do PL, as outras legendas do Centrão que apoiam Bolsonaro abrirão poucos palanques majoritários: o Republicanos terá quatro nomes, dos quais apenas o ex-ministro Tarcísio de Freitas, em São Paulo, garante fazer campanha com o presidente. O PP terá três, sendo dois deles governadores que disputam reeleição: Gladson Cameli, no Acre, e Antonio Denarium, em Roraima.

 

Embora não esteja na coligação de Bolsonaro e tenha lançado o deputado Luciano Bivar como pré-candidato à Presidência, o União Brasil será o principal partido, depois do PL, a abrir palanques para o atual presidente, em quatro estados. Bivar, que também é o presidente do União, diz que a prioridade da legenda com as candidaturas é se posicionar no debate nacional. Além da ala que apoia Bolsonaro, parte dos pré-candidatos do União, como ACM Neto na Bahia e Ronaldo Caiado em Goiás, pretendem manter palanques abertos a rivais de Bivar.

 

— Obviamente um maior número de palanques estaduais facilita a difusão de ideais e propostas do partido, além de, consequentemente, ajudar a campanha nacional — avalia o presidente do União Brasil.

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