Bivar reclama de partidos e indica saída da União Brasil do grupo da terceira via
O presidente da União Brasil, Luciano Bivar, indicou nesta quarta-feira (27) que pode ficar de fora do grupo de partidos que querem um candidato único para representar a chamada terceira via nas eleições presidenciais.
Bivar é o pré-candidato da União Brasil e diz que a decisão definitiva será tomada na próxima quarta-feira (4), em novo encontro do partido com os presidentes de PSDB/Cidadania (que pretendem se unir em numa federação) e MDB.
"Na reunião de quarta, vamos decidir se vamos querer uma candidatura única ou não. A cada vez criam um imbróglio para retardar [a decisão sobre a candidatura única] e o tempo urge", diz. "A União Brasil não pode ficar mais a reboque de querelas ou grupos que não queiram chegar a lugar nenhum", afirma.
A União Brasil detém o maior fundo eleitoral e tempo de televisão entre as siglas e por isso o apoio da legenda é cobiçado pelos demais.
A declaração do presidente do partido é dada no dia seguinte a uma reunião de dirigentes do grupo da terceira via. Na ocasião, a União Brasil foi representada por Antônio de Rueda, vice-presidente do partido, e Elmar Nascimento, líder da bancada na Câmara.
Segundo Bivar, os participantes da reunião relataram pessimismo com a hipótese de o grupo chegar a um consenso sobre a candidatura única.
"O União tem que tomar uma decisão agora, não pode mais postergar, que é o que parece que esta acontecendo", avalia. "Eu não sei o que se passa no MDB e no PSDB. Eu sei que esse conjunto de forças que estão se reunindo não estão chegando a lugar nenhum. Eu entendo o sentimento dos dirigentes e endosso isso."
Durante a reunião desta terça, os dirigentes resolveram manter a data de 18 de maio para definir um nome para representar o campo, contrariando a ideia do pré-candidato tucano João Doria (SP), que tentou articular o adiamento da definição.
Além de Bivar e Doria, a senadora Simone Tebet (MS) é outra opção colocada à mesa pelo MDB.
Apesar do prazo estabelecido, as siglas ainda não definiram nem os critérios mínimos para a escolha do candidato único.
Dirigentes da União Brasil relatam ceticismo com relação à possibilidade de as siglas chegarem a um consenso e avaliam que pode ser mais profícuo ao partido ter uma candidatura própria.
Neste cenário, o ex-juiz Sergio Moro (União Brasil) é defendido por uma ala do partido como opção para ocupar a candidatura a vice-presidência ao lado de Bivar.
Há quem acredite no partido que esta chapa poderia alcançar em torno de 5% na disputa presidencial.
Bivar, porém, minimiza e diz que há outros quadros na sigla que poderiam ocupar a vice.
Dirigentes do MDB também consideram iminente a saída da União Brasil. A expectativa de ala dos emedebistas é que se consolide um movimento no PSDB para que ex-governador Eduardo Leite (PSDB-RS) tente renovar seu mandato, embora tenha renunciado ao governo.
Leite dizia que não disputaria a reeleição e ensaiou entrar na disputa presidencial a despeito de perdido as prévias tucanas para João Doria, mas mudou de ideia.
Agora, dizem integrantes da terceira via, o ex-governador cogita disputar novamente o governo gaúcho. Para isso, gostaria de ter o Gabriel Souza (MDB-RS), que era seu vice e agora governa o estado, na sua chapa novamente.
Neste cenário, emedebistas consideram ceder à ideia para que Souza, que é atualmente o pré-candidato do MDB no Rio Grande do Sul, para que ele seja candidato a vice na hipótese de o PSDB fazer um gesto e abrir mão da pré-candidatura presidencial de Doria para Simone Tebet.