Incertezas paulistas - editoriais@grupofolha.com.br
A nova pesquisa Datafolha para o governo de São Paulo foi realizada num momento em que o quadro de pré-candidaturas mostra-se menos nebuloso, embora ainda marcado por incertezas de monta.
O avanço da aliança entre o ex-tucano Geraldo Alckmin (PSB) e o ex-presidente Lula (PT) na chapa presidencial, o afastamento de João Doria (PSDB) da disputa estadual e a presença no páreo do ex-ministro da Infraestrutura Tarcísio de Freitas (Republicanos) são definições importantes.
Sobrevive, porém, a dúvida relevante quanto à permanência da postulação de Márcio França (PSB).
No cenário que inclui os nomes de França e Fernando Haddad (PT), o ex-prefeito lidera com 29% das intenções de voto, seguido pelo ex-governador com 20%. Tarcísio de Freitas surge com 10%, e o agora governador Rodrigo Garcia (PSDB), com 6%.
A indecisão quanto à candidatura de França está ligada, como se sabe, ao acordo eleitoral entre PT e PSB para a corrida pelo Planalto, processo que tem provocado atritos regionais e demandado ajustes, nem sempre bem-sucedidos. As pretensões do ex-vice de Geraldo Alckmin assentam-se em atuação conhecida no estado e em resultados consistentes nas urnas.
Há quem considere no terreno do PT e do PSB que a participação dos dois na campanha poderia, além de ampliar o palaque paulista de Lula, conter o crescimento de Rodrigo ou mesmo o eventual avanço de Tarcísio, que é o candidato apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) e apareceu na sondagem com índice digno de nota.
No cenário em que França é retirado da lista, Haddad continua à frente, com 35%, e Tarcísio e Rodrigo vêm a seguir com 11%, evidenciando-se a divisão dos votos do PSB entre o ex-prefeito e o governador —que tem a seu a favor a máquina estadual, sempre um fator a ser ponderado nas disputas.
No que tange às rejeições, Haddad lidera com 34%, seguido de França, com 20%, e de Rodrigo e Tarcísio, com 17% e 16%.
Entre os entrevistados, 46% dizem que não votariam de jeito nenhum em candidatos indicados por Lula. Por sua vez, o preferido de Bolsonaro seria descartado por 62%. O postulante petista é o mais conhecido dos eleitores, enquanto o governador e o ex-ministro são os mais desconhecidos.
Trata-se, é sempre prudente destacar, de um primeiro retrato da corrida pelo voto paulista, que certamente terá pela frente desdobramentos significativos. Não apenas pelo tempo que nos separa da votação como pelas características peculiares que vão se desenhando no contexto eleitoral mais amplo.