Bolsonaro desfez ilusão do PT de que Lula poderia prevalecer já no 1º turno... - Veja mais em https://noticias.uol.com.br/colunas/josias-de-souza/2022/03/17/bolsonaro-desfez-ilusao-do-pt-de-que-lula-poderia-prevalecer-ja-no-1-turno.
Bolsonaro e seus operadores do centrão vivem situação parecida com a de um time de futebol que perde de 4 a zero e marca dois gols num adversário mais forte. Ciro Nogueira, líder do centrão e chefe da Casa Civil, exagerou ao prever que Bolsonaro vencerá a eleição no primeiro turno. Mas a animação do ministro, exibida em entrevista a Pedro Bial, não é despropositada. As pesquisas mais recentes sinalizam que Bolsonaro tornou-se um adversário mais duro de roer do que supunham Lula e seus aliados.
Desfez-se a ilusão de que Lula poderia prevalecer no primeiro turno. Num instante em que a deterioração da economia encurta os horizontes do brasileiro, Bolsonaro torna-se mais competitivo. Deve-se o paradoxo à ausência de recato com que o candidato à reeleição utiliza a máquina governamental e seus cofres. Antigo crítico do Bolsa Família, que chamava de "cabresto" eleitoral do PT, Bolsonaro saboreia uma expressiva queda da rejeição ao seu governo entre os beneficiários do auxílio Brasil de R$ 400.
Como antídoto contra a inflação desenfreada, o presidente joga a culpa pelo aumento dos combustíveis no colo de Joaquim Silva e Luna, o general que ele próprio nomeou para presidir a Petrobras. E atropela Paulo Guedes com um populismo que já inclui vale gás, perdão de dívidas dos estudantes no Fies, reajuste para professores, redução do IPI de fogões, geladeiras e afins, antecipação do 13º dos aposentados e liberação do FGTS. A generosidade eleitoral terá um custo. Mas Bolsonaro crê que a conta só será apresentada depois da eleição. A alternativa seria perder de goleada. Hoje, a derrota ainda está à espreita. Entretanto, o candidato à reeleição continua vivo em campo. Parece disposto a vender caro uma eventual derrota.