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Elas por elas – Bem vinda, Larissa!

Em artigo sobre a filiação da vereadora Larissa Gaspar ao PT, a professora Fátima Bandeira, da Secretaria Estadual de Mulheres – PT/CE, aponta que “Larissa é militante, desde sua adolescência, nos movimentos sociais e particularmente, no campo das esquerdas”. Confira:

No Brasil, como de resto, no mundo inteiro, o machismo está para além do preconceito contra a mulher. É um problema estrutural. A ideologia machista está impregnada nas raízes culturais da sociedade, seja no sistema econômico e político, seja nas religiões, na mídia ou na família.

Mas, preservando o devido recorte geopolítico, vamos tratar apenas do nosso torrão, o nosso Ceará, conhecido como a terra de Iracema, a índia que habita nosso imaginário, descrita pelo romantismo de José de Alencar como “a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna, e mais longos que o talhe de palmeira” e não como uma mulher guerreira que abandona sua tribo para lutar pela liberdade de amar.

Segundo os dados do Monitor da Violência, o Ceará, em 2018, ocupou a vice-liderança nas estatísticas de mulheres assassinadas, com 447 homicídios dolosos, embora apenas 26 registros tenham sido considerados feminicídios. E esta é outra discussão que precisamos fazer, mas que não vou abordar agora.

Citei esses dois exemplos de como se manifesta a cultura machista para tratar de um caso que parece menor, se levarmos em conta a situação das mulheres de uma maneira geral, mas que reflete bem como o machismo está entranhado no nosso cotidiano.

Há alguns meses a vereadora de Fortaleza, Larissa Gaspar, vinha dialogando com a secretaria estadual de mulheres do Partido dos Trabalhadores sobre a possibilidade de sua filiação. Larissa é militante, desde sua adolescência, nos movimentos sociais e particularmente, no campo das esquerdas. Tem sido, na Câmara Municipal de Fortaleza uma caixa de ressonância das nossas pautas e da nossa luta. Tem um mandato reconhecido por todas as organizações de mulheres. Larissa optou finalmente, no último dia 4 de julho pela filiação ao PT.

Desde que se tornou pública sua vinda para o partido, manifestações machistas e a misóginas tem questionado, de forma desonesta, a legitimidade da sua filiação. Nos últimos meses, mais de seis mil pessoas se filiaram ao Partido dos Trabalhadores, em Fortaleza. Dessas, muitas inclusive, para se candidatar à Câmara Municipal em 2020. E não vimos ninguém questionar ou analisar o histórico desses novos filiados.

Por que esse questionamento com a filiação da Larissa? A primeira coisa a esclarecer é que a filiação da vereadora está tramitando nos termos do estatuto do partido, seguindo todas as regras. E neste sentido, qualquer filiado poderá pedir sua impugnação. Entretanto, é preciso que haja algo na conduta da vereadora, que a desabone. O que temos visto até agora é puro preconceito. Preconceito por ser mulher, preconceito, por ser uma liderança, preconceito por não aceitar que essa jovem mulher tenha se destacado num ambiente predominantemente, dominado por homens, como é o caso da política e possa ser mais uma vez eleita, ocupando uma suposta vaga de algum homem do PT. É disso que se trata de verdade. E aqui nos cabe pedir a nossos companheiros atuais vereadores uma posição clara e firme sobre a parceria que tem com Larissa na CMF. Eles são os mais credenciados a apontar algo que a desabone nesses três anos de mandato. Cabe também cobrar dos demais dirigentes do nosso partido, uma manifestação objetiva que encerre essa falsa polêmica. Nada impede a filiação da vereadora. E dizemos isso com profundo conhecimento das normais internas do partido, como filiada, militante e dirigente do PT há quase trinta anos.

Até agora, o debate sobre a filiação da Larissa tem sido tratado, nos escaninhos, como uma questão das mulheres, ainda como reflexo do machismo que também existe no PT, apesar de nos orgulharmos, nós mulheres petistas, dos avanços que conseguimos, sendo o mais emblemático, a paridade na direção.

Nossa vida cotidiana como mulheres militantes políticas, não é fácil. Nada nos é dado, tudo conquistamos com muita garra e muita luta. Essa é só mais uma. E temos certeza que vamos continuar lutando muito para enfrentar e um dia derrotar o machismo. Larissa é muito bem-vinda ao PT e nós mulheres temos certeza que ela só agrega ao nosso partido.

Fátima Bandeira, Secretaria Estadual de Mulheres – PT/CE

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