Segure a carteira, vem aí reajuste do ‘Bolsa Voto’
O Estado brasileiro, como se sabe, está quebrado. Num esforço para diminuir o abismo fiscal, o Congresso providencia uma reforma da Previdência que impõe sacrifícios aos brasileiros, sobretudo os que estão condenados a receber as aposentadorias mixurucas do regime geral. Em meio ao sufoco, os parlamentares decidiram aumentar o valor do Bolsa Voto.
Relator do projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2020, o deputado Cacá Leão elevou de R$ 1,7 bilhão para R$ 3,7 bilhões o montante de dinheiro público a ser despejado na caixa registradora dos partidos. A verba destina-se ao fundo de financiamento da campanha municipal do ano que vem.
Por que reajustar o Bolsa Voto numa hora dessas? "Foi solicitado pela ampla maioria dos partidos", disse o deputado Cacá. Alega-se que a eleição de prefeitos e vereadores em mais de 5.500 municípios ficará mais cara do que a eleição de 2018, quando foram escolhidos deputados federais e estaduais, senadores, governadores e presidente da República. Será? Convém exibir as contas.
Como os infortúnios não costumam surgir desacompanhados, os parlamentares tramam também a aprovação de projeto que, entre outras novidades, autoriza os partidos a utilizar verbas públicas na contratação de advogados para defender dirigentes partidários que estão sob investigação. Um acinte. Tudo muda no Brasil, exceto essa eterna disposição dos políticos de sofrer na própria pele todas as insuportáveis vantagens que só o déficit público pode financiar.