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A maioria venceu -Germano Oliveira é editor de política da ISTOÉ

A eleição de Jair Bolsonaro foi incontestável. Ele venceu com 57,1 milhões de votos (55,3%) ou 11 milhões de votos a mais do que Fernando Haddad (44,7%). Isso significa que a maioria da população quis a eleição do candidato do PSL, por mais críticas ele tenha merecido durante toda a campanha. Disseram, sobretudo a oposição e intelectuais alinhados com a esquerda, que ele era homofóbico, racista, misógino e que não podia ser eleito presidente. Mas ele provou que o povo queria alguém que tivesse exatamente o discurso que ele apregoava pelos quatro cantos do país já há alguns anos.

O que o tornou presidente foi exatamente seus pensamentos. Desde o início ele dizia que era contra a corrupção petista, que não queria a expansão de terras indígenas, que achava o negro e as mulheres pouco produtivas, mas era isso que a maioria da população também achava. O discurso anti-PT era exatamente o que a grande maioria das pessoas desejava ouvir. A cada prisão de petista, como a que aconteceu com o ex-presidente Lula, o eleitorado de Bolsonaro crescia mais um pouco.

Quando Dilma caiu pelo impeachment, o eleitorado de Bolsonaro aumentou ainda mais. Na medida que a Operação Lava Jato avançava, crescia também o eleitorado de Bolsonaro. Mas não foi só isso. Enquanto a violência no Rio chegava a um ponto de estrangulamento, o discurso de combate aos criminosos de Bolsonaro só aumentava. Ainda mais quando ele começou a se cercar de militares.

O povo via nos militares um caminho para se resolver o clima de insegurança, não só no Rio, mas nos principais estados, com as facções criminosas comandando o crime de dentro das cadeias. Se isso não bastasse, veio a crise de desemprego, com 13 milhões de pessoas colocadas na rua da amargura. Foi aí que surgiu o economista Paulo Guedes, com suas propostas liberais para a economia, prometendo mudar um quadro caótico de uma economia estatizada que já não conseguia dar conta dos problemas brasileiros. Por tudo isso, Bolsonaro foi criando o caldo de cultura para se agigantar. De um deputado do baixo clero, tornou-se um mito.

E outros parlamentares do baixo clero, das bancadas evangélicas, da bala e dos ruralistas, ele tornou-se um fenômeno eleitoral. Ao ponto de ser eleito agora presidente, com mais de 57 milhões de votos. Com esse tanto de voto, ele assumirá a presidência da República com respaldo popular. À esquerda, caberá aceitar o resultado da eleição e se portar como oposição, sem desejar o quanto pior melhor. O Brasil merece uma oportunidade de voltar a ter paz, tranquilidade para que a economia se recupere e o emprego volte a fazer parte o vocabulário popular.

 

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