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O início do fim da era progressista no Brasil

Um dos maiores medos dos progressistas é ver uma ascensão ao poder de conservadores de maneira propositiva e organizada. Na leitura de alguns desses progressistas, como a base majoritária da sociedade brasileira é conservadora, uma vez que o vínculo entre eleitorado conservador e seu eleito conservador se restabelece, ficará difícil rompê-lo de maneira naturalO resultado das últimas eleições denota o início do fim da era progressista no Brasil.



Para entender o que foi essa era e por que o conservadorismo ressurge, precisamos fazer uma pequena retrospectiva. Desde 1995, com o governo FHC, que ideias progressistas vêm galgando espaço no poder público. Mas foi no período do governo de Lula, a partir de 2003, até Dilma, em 2016, que a visão progressista se estabelece como hegemônica no Estado, meios de comunicação, universidades e escolas.

Para os progressistas brasileiros do início do final do século 20 e início do século 21, o Estado é visto como o responsável por garantir o avanço da sociedade, sem o qual esta retrocederá em preconceitos e intolerância. Segundo eles, leis devem ser criadas para fazer justiça social e buscar atingir igualdade social sempre que possível em todos os aspectos da sociedade. Os progressistas erroneamente postulam que a sociedade conservadora é intolerante e injusta por natureza e que as leis, por terem sido criadas por essa sociedade conservadora, não representam minorias.

Daí procede que conquistar subsídios, exceções e proteções especiais para grupos ou classes minoritárias perante as leis é uma vitória e um avanço. Ou seja, no processo de se criar uma sociedade progressista, violar o princípio de igualdade perante as leis é implícito e necessário.

Essa visão progressista destoa enormemente dos progressistas do fim do século 19 e início do século 20. Ser progressista naquela época era mormente ser favorável aos avanços da ciência e tecnologia, do conhecimento e da troca livre de ideias sem os limites impostos por tabus, idolatria e grupos dominantes.

Naquela época, nos EUA, permitiu-se voto para mulheres, rompeu-se com oligopólios e monopólios para garantir a livre-iniciativa e introduziram-se mecanismos de democracia direta em vários estados para tornar o sistema mais transparente, representativo e menos dominado por oligarquias.

Leis progressistas da época visavam garantir que a lei fosse igual para todos, e não o oposto. Nos EUA, a era progressista foi liderada por princípios liberais e não por marxismo cultural, como é hoje.

No Brasil progressista de hoje, com as leis a seu lado, cada classe social dita para as demais classes suas reivindicações a ponto de não haver mais lei comum para todos. Isso afeta tudo: todas as ações policiais, as relações de trabalho, o ensino nas escolas, a propriedade privada, o direito de livre expressão etc.

No Brasil de hoje, vemos como o direito de classes, agindo acima dos direitos individuais, exacerba a insegurança jurídica, não cria estabilidade social e termina por não proteger as minorias que visa favorecer. A instabilidade social e a insegurança jurídica resultantes desse processo são um dos pilares da ascensão do conservadorismo no Brasil de hoje.

Por consequência, vivemos o esgotamento da hegemonia progressista. 

Mas será que o medo dos progressistas é justificável? Veremos um retrocesso nas nossas relações sociais com conservadores no poder? Claro que não. O conservadorismo não é intolerante muito menos retrógrado; é simplesmente natural e evolui conforme as gerações de maneira livre. O aprendizado para todos é que os avanços da sociedade se devem mais em função das ações da própria sociedade, e não pelos mandos e desmandos da legislação.

A harmonia social só é sustentável e verdadeira se houver como base a igualdade perante as leis, em vez da busca aflita pela justiça social. É com esses aprendizados que o conservadorismo no Brasil ressurge; que venha agregado de tudo mais que a sociedade aprendeu com suas experiências nos últimos 300 anos.

Luiz Philippe de Orleans e Bragança

Deputado federal eleito por São Paulo (PSL); tetraneto de d. Pedro 2º, administrador, empresário e cientista político pela Universidade Stanford (EUA), com pós-graduação pelo Insead (França) FOLHA DE SP

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