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Na segurança, ideia de Bolsonaro estimula crime

Em matéria de propostas para os problemas nacionais, Jair Bolsonaro raramente se mostra um candidato bem-alimentado. Ou está com excesso de alimentação ou morrendo de inanição. Nesta segunda-feira, o capitão declarou a uma rádio de Barretos (SP) que o projeto do seu hipotético governo é fazer o Brasil “ser igual 40, 50 anos atrás”. Disse isso no instante em que discorria sobre a insegurança que vigora nas grandes cidades do país. A solução seria o encarceramento. ''Cadeia não recupera ninguém”, afirmou. “Cadeia é para tirar o elemento da sociedade''.

Se fosse possível enfiar o Brasil numa máquina do tempo, um recuo de 50 anos transportaria o país para 1968. Nessa época, a população brasileira era de 93,1 milhões de pessoas. Não havia telefone celular nem facções criminosas dentro dos presídios. O regime era militar. E o general de plantão, Costa e Silva, editou o AI-5, que autorizava o Estado a recorrer a todas as arbitrariedades que uma ditadura é tentada a adotar.

Hoje, a população mais do que dobrou, ultrapassando a marca de 208 milhões de pessoas. A urbanização desenfreada potencializou o mercado do crime. Cadeia é um outro nome para escritório de criminoso. O regime é democrático. E existe uma Lei de Execuções Penais que prevê a ressocialização de criminosos por meio do trabalho e da educação. .

Bolsonaro trata a prisão como início da solução. Na verdade, é o início do problema. Como se sabe, não há no Brasil nem pena de morte nem prisão perpétua. Ou seja: cedo ou tarde o preso será devolvido às ruas. O diabo é que o sistema prisional ficou tão violento no país que as prisões estão vomitando essa violência em cima da sociedade.

Como reconhece o capitão, “cadeia não recupera ninguém”. A omissão do poder público nos presídios, vitamina as facções criminosas. Abandonados pelo Estado, os presos ficam à mercê do crime organizado. Na prática, o Estado fornece mão-de-obra para as facções. Em troca de supostos favores e de proteção, os condenados são compelidos a cumprir ordens da criminalidade mesmo após deixar as cadeias. É esse o modelo preconizado por Bolsonbaro. Sem AI-5. JOSIAS DE SOUZA

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