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‘Mar não está para peixe’ para usar vermelho, avaliam marqueteiros

Para o segundo turno, a estética do material de campanha de Fernando Haddad mudou. Na logomarca adotada a partir desta quarta-feira, a referência ao nome de Lula sumiu, e o nome de Haddad não está mais escrito em vermelho, e sim em verde, amarelo e azul. Uma pequena estrela na perna do último "A", branca, simboliza ali uma espécie de fantasma do símbolo tradicional do PT.

Para Paulo de Tarso, marqueteiro de Lula em 1989 e 1994 e criador do “Lula Lá”, não há surpresa na adoção das cores da bandeira do Brasil. Segundo ele, o PT costuma abrir mão do vermelho conforme andam os ânimos do país.

“Se o mar não está para peixe, tem que mudar. O vermelho neste momento não é competitivo, porque o resultado do Bolsonaro foi claramente anti-PT. Para o Haddad formar a aliança que ele quer, ele precisa se despetizar”, afirma o publicitário. “A marca fala tudo”.

Para ele, porém, a dissociação do passado petista não é completa. Com letras redondas e cheias, a logomarca lembra o “Brasil” do slogan “Brasil, um país de todos”, usada durante o governo Lula. “A tipologia blocada lembra muito, foi a primeira coisa que eu pensei. Foi a marca que ficou o tempo todo no ar durante o governo Lula”, afirma.

Tarso lembra que, em 1994, a campanha petista também adotou essa paleta de cores. “A mídia chamou atenção do mesmo jeito. Causa estranheza, porque a cor primária do PT é o vermelho, mas a gente tem que se adaptar à circunstância política.”

Já Elsinho Mouco, marqueteiro do governo Temer, é mais virulento em sua avaliação. Para ele, abandonar o vermelho “está mais para o sentimento de vergonha”. “Tentar mudar agora é patético. Querem fingir que nunca foram e, sem o ‘mea culpa’, nunca serão”, disse. “Sempre carregaram nas tintas para defender seus planos de poder. A cor deles é e sempre será o vermelho.”

Logomarca usada pelo governo federal durante a presidência de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) Foto: Reprodução
Logomarca usada pelo governo federal durante a presidência de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) Foto: Reprodução

Na campanha de Dilma Rousseff, em 2014, o logo trazia um círculo fazendo referência à bandeira do Brasil, mas o número “13” estava escrito em vermelho, e o nome vinha adornado com uma pequena estrela petista. “O vermelho foi pouco presente na campanha da Dilma, mas agora talvez seja a primeira vez que o PT esteja completamente despido”, afirmou Paulo Vasconcelos, marqueteiro de Aécio Neves nas últimas eleições.

A estratégia de Fernando Haddad é correta, avalia Vasconcelos. “Do mesmo jeito que Bolsonaro está dizendo que o general Mourão é um doido, o Haddad se livrar do vermelho é uma tentativa de corrigir ou reposicionar posições que vão gerar rejeição”, disse. “A logomarca é muito legal, tira a tensão do vermelho e diz ‘sou um candidato para todos’.” ÉPOCA

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