Debate na TV reúne três candidatos a vice-presidente; saiba o que eles discutiram
Por Filipe Matoso, G1 — Brasília
Candidatos a vice-presidente participaram de debate na TV Cultura; da esquerda para a direita, por ordem alfabética: Ana Amélia (PP), Eduardo Jorge (PV) e Kátia Abreu (PDT) — Foto: Reprodução
Três candidatos a vice-presidente da República participaram na noite desta segunda-feira (1º) de um debate no programa Roda Viva, promovido pela TV Cultura.
A emissora reuniu:
- Ana Amélia (PP), candidata a vice na chapa de Geraldo Alckmin (PSDB);
- Eduardo Jorge (PV), candidato a vice na chapa de Marina Silva (Rede);
- Kátia Abreu (PDT), candidata a vice na chapa de Ciro Gomes (PDT).
Antes de o debate começar, o mediador Ricardo Lessa informou que o general Hamilton Mourão (PRTB), candidato a vice de Jair Bolsonaro (PSL), e Manuela D’Ávila (PCdoB), candidata a vice de Fernando Haddad (PT), foram convidados, mas não compareceriam.
O debate foi dividido em 4 blocos:
- 1º bloco: Candidatos responderam a perguntas de jornalistas;
- 2º bloco: Candidatos fizeram perguntas entre si e responderam a perguntas de jornalistas.
- 3º bloco: Candidatos responderam a perguntas de jornalistas;
- 4º bloco: Candidatos responderam a perguntas de jornalistas e fizeram as considerações finais.
Respostas
Saiba abaixo as respostas dadas pelos candidatos durante o debate:
Observação: a ordem abaixo segue a ordem de falas no primeiro bloco do debate.
KÁTIA ABREU (PDT)
Kátia Abreu (PDT), candidata a vice-presidente na chapa de Ciro Gomes (PDT) — Foto: Reprodução
- Papel como vice: "Quero dizer que serei uma vice que jamais aceitaria meu candidato me proibir de vir a um debate como o Bolsonaro proibiu o general Mourão de estar aqui. Ciro jamais faria isso comigo e é com grande alegria que venho debater. Esperamos que o Brasil possa ter ideias melhores, possamos unificar o Brasil, que está cansado de direita e esquerda, de briga de coxinha contra mortadela. Queremos focar naquilo que é mais importante: emprego, geração de emprego e renda, na economia, o aquecimento da economia. E minimizar as diferenças sociais. Ciro Gomes está preparado para este desafio".
- 'Polarização' Haddad-Bolsonaro: "Estamos vendo as pesquisas e 53% da população não concordam com esse duelo Bolsonaro e Haddad. Isso nos preocupa porque não estou gostando do clima ao longo desta campanha. Começamos com movimentos de rua sobre a volta dos militares, essas faixas eram vistas nas ruas, de repente o Bolsonaro com um vice militar, um capitão e um general, já pregando golpe e já avisando que não aceitam o resutlado das urnas, ameaçando o voto contrário. O Mourão apoia o 'autogolpe' e o Bolsonaro apoia o fechamento do Congresso. Parece muito bonito no momento que a população está contrariada, mas sabemos o que isso representa para o futuro. [...] Eu tenho medo dos extremos. Tenho medo de ditadura de direita Pinochet e tenho medo de ditadura de esquerda Hugo Chavez. As duas são abomináveis, podem destruir a economia, todos os ganhos sociais que tivemos".
- Cargos no governo: "Quero lembrar que me aproximei de Dilma muito antes de votar nela. Ela me convidou para ser ministra da Agricultura ainda no primeiro mandato e disse a ela mais de três vezes: 'Presidente, não posso aceitar o honroso cargo porque não votei na senhora, não apoiei a senhora e isso seria constrangedor e, se no segundo mandato eu conseguir apoiá-la, podemos apoiar neste assunto'. Quando chegou a hora do impeachment, recebi a sinalização do Michel Temer que, se deixasse Dilma, eu continuaria ministra no governo dele. E naquele momento era uma questão de princípio moral. Acredito na honestidade dela. Errou na economia e na política, mas não merecia ser crucificada por desonestidade. [...] Não existe isso de ficarmos de fora do segundo cargo e negociar espaço em governo. Ser oposição a dois projetos que não acredito terei tranquilidade em fazer oposição".
- Prisão após segunda instância: "A Constituição diz que uma pessoa só pode ser condenada em última instância, depois de transitado tudo em julgado. O Supremo decidiu, ainda não definitivamente, que ao invés de tudo transitado em julgado, quando julgar na segunda instância, a pessoa poderá ou não ir presa. Eu não sou contra. Nos Estados Unidos já é assim. [...] Eu só acho que a decisão do Supremo não está de acordo com a Constituição e esta adversidade me preocupa muito porque deixa o Brasil em dúvida. O que vale mais é nossa Constituição ou a decisão do Supremo? É a Suprema Corte, mas também deve proteção à Constituição. Se houver unanimidade que a prisão deve ser após a segunda instância, então vamos mudar a Constituição. Eu até topo, votaria a favor, mas esta diferença com a decisão do Supremo de uma forma e a Constituição de outra, eu acho que não é bom para ninguém. Não é bom para a Corte, não é bom para o Congresso Nacional nem é bom para os brasileiros".
- Considerações finais: "Muito obrigada por esta oportunidade ímpar para que pudéssemos falar aqui sobre nossas questões, sobre os desafios. Agradecer Ricardo Lessa, Clarissa, Ana Amélia, minha querida colega senadora, e ao Eduardo Jorge. A todos os nossos telespectadores. E pontuar quatro questões. Número um: Bolsonaro não é dono do Exército brasileiro nem das Forças Armadas. Pelo pouco que eu conheço os generais deste país, eles jamais apoiariam um candidato que bate continência para a bandeira americana. Número dois: quero dizer às minhas companheiras mulheres, de Ana Amélia, de Clarissa Oliveira, que vocês que estão indecisas, em primeiro lugar, quero dar razão a todas vocês. Todas nós estamos muito indignadas, exaustas, cansadas dos maus-tratos que costumam se dizer e se chamar de machismo. Mas na verdade são agressões, violência, estupro, crianças vivendo debaixo de bala, filhos sequestrados pelo tráfico, o botijão de gás que falta, e ninguém pede nada para o pai. Normalmente é 'mãe, estou com fome', 'mãe, quero isso', 'mãe, quero aquilo', e as mulheres pobres é que têm a fotografia das ausiências e da pobreza maior desse país. Então, eu dou razão e me orgulho de vocês por estarem indecisas até agora. Desconfiem mesmo dos políticos, desconfiem muito dos políticos e olhe a vida de cada um deles. Quem é que já transformou o destino de pessoas? Aonde? Em que lugar? No Ceará? Em Fortaleza? Em Sobral? Vai atrás! No Ministério da Integração Nacional, fazendo a transposição do Rio? No Plano Real, junto com o Itamar? Procure saber quem pode trazer segurança para que vocês possam viver em paz, trabalhar com salário digno e não diferente dos homens e que seus filhos possam ser bem atendidos nas escolas como filhos de ricos e também na saúde. Por último, quero dizer, Ricardo, telespectadores, que não vamos caminhar na beira do abismo. Não vamos brincar com nossa flor que se chama democracia. Não vamos deixar que nada possa despetalar esta flor ou destruir esse jardim. Caminhar para o capitão é caminhar para um risco de um golpe, inclusive do seu próprio vice. Não dou três semanas e o vice do Bolsonaro vai ameaçar um golpe nele próprio caso ganhe as eleições. Do lado de Haddad, quero dizer a todos que estão do lado do PT por conta dos avanços sociais que Ciro Gomes está pronto para equilibrar a economia, fazer o Brasil voltar a crescer, gerar empregos, manter e avançar os programas sociais, que são tão caros para o povo brasileiro, principalmente àqueles que mais precisam. Educação, saúde e prosperidade. Alegria e felicidade para o povo brasileiro. Simples assim"
EDUARDO JORGE (PV)
Eduardo Jorge (PV), candidato a vice-presidente na chapa de Marina Silva (Rede) — Foto: Reprodução
- Papel como vice: "Eu e Marina temos a vantagem de ter uma identidade programática muito grande. Tem uns dois ou três pontos que discordamos, mas a identidade programática facilita muito. Não vai ser qualquer saculejo do ônibus que vai nos levar a brigar e a querer entrar no jogo. Às veses os vices entram e fazem gol contra. Comigo e a Marina não tem chance de isso acontecer. A Marina tem uma equipe extraordinária, o Gianetti, o Lara Resende, o Paes de Barros. Então, ela tem uma equipe grande e, em relação a mim, se a Marina pedir que eu faça o papel importantíssimo de cicular o Brasil na Amazônia, no Nordeste, no Sul, e ouvir o que o povo fala, deseja, critica, se ela me der este papel de ouvidor permamente, eu ficaria muito feliz".
- 'Polarização' Haddad-Bolsonaro: "Isso me perguntam toda hora. Venho profetizando que o cenário que está aí, do candidato da extrema direita e o candidato da extrema esquerda, estava sendo tramado. O Bolsonaro é obra do Lula. E Obra do Lula em que sentido? Primeiro, pelo naufrágio do Titanic Dilma-Temer que jogou o Brasil na maior recessão, causa de sofrimento e cria ambiente de desespero e pegar qualquer boia que aparece. Segundo, pelo resultado de 12 anos do naufrágio da ética de um partido que se colocava como campeão da ética. [...] E, terceiro, resultado de uma pregação diuturna do Lula dividindo o país entre 'nós e eles'. [...] Essa questão é preciso saber disso. Os dois se alimentam. Eles querem isso. Estão tramando o segundo turno há um ano. A consequência será ter 4 anos de briga na rua. [...] Esse incênDio que eles provocaram no país vai se manter por 4 anos".
- Prisão após 2ª instância: "A Marina Silva já se posicionou sobre isso. Nós somos a favor de manter a posição de manter a prisão após a decisão da segunda instância".
- Saúde: "Queria ressaltar três coisas muito importantes para relançar o roteiro reformista do Sistema Único de Saúde, que é a maior reforma social que a constituinte democrática trouxe para o Brasil, a mais ambiciosa e a mais generosa. Mas tem patinado porque o governo federal, nos últimos anos, está tirando o financiamento, empurrando para os estados e os municípios. Primeiro, [...] vamos lutar por mais recursos, lutando pela saúde do país. Num segundo ponto, a gente tem que investir muito em promoção da saúde e o SUS ainda não teve fôlego para fazer esse diálogo com os outros setores porque não depende do SUS, por exemplo, reduzir a mortalidade no trânsito. [...] E estamos apresentando aqui uma proposta de modernização da gestão. [...] Dividir o país em 400 regiões para interiorizar a atenção especializada nos hospitais com escala, incorporar tecnologia, especialidades e atender e auxiliar a atenção básica e, assim, homogeneizar a atenção do Amazonas ao Rio Grande do Sul".
- Considerações finais: "Agradeço a esta agradável conversa do Roda Viva, Ricardo e Clarissa, TV Cultura, é uma oportunidade de conversar com telespectadores do país inteiro que estão no Brasil inteiro. Nós temos ainda seis longos dias para essa decisão que é tão crucial para os próximos quatro anos do Brasil. Nossa chapa, da Rede e do PV, com a Marina Silva, eu acredito, tem o programa mais abrangente para enfrentar este naufrágio do Titanic Dilma-Temer, PT-PMDB e Lula, que jogou o Brasil nesse sofrimento. É o programa mais completo, mais equilibrado, mais racional e, também, é a candidatura que se chegar ao segundo turno tem mais condições de dialogar com a centro-esquerda e com a centro-direita e chegar a uma vitória contra os extremos. É claro que os candidatos Ciro e Alckmin, que disputam com a Marina esta posição, estão até um pouco melhor nas pesquisas, mas o Ciro teria dificuldade com o pessoal do Alckmin e vice-versa. A Marina é este ponto de encontro e é por isso que os extremos detestam e fazem campanha dia e noite contra ela nas redes sociais, porque sabem que ela é a candidata que tem mais condições de unificar os setores moderados de centro-direita, setores moderados de centro-esquerda e até dialogar com setores mais moderados do Bolsonaro e do Lula. Portanto, vocês que ainda estão avaliando que há a possibilidade de uma terceira via com condições de vencer, pensem na Marina. Estude sua história, nosso programa de desenvolvimento com respeito à justiça social e ao meio ambiente e em ambiente de cultura de paz e democracia. Esta é a nossa proposta para o Brasil".
ANA AMÉLIA (PP)
Ana Amélia (PP), candidata a vice-presidente na chapa de Geraldo Alckmin (PSDB) — Foto: Reprodução
- Papel como vice: "Eu não serei uma vice decorativa. Serei uma vice com total lealdade ao presidente Geraldo Alckmin porque já conversamos muito sohbre a responsabilidade no gerencimento de crises e no diálogo com o Congresso. Nenhum presidente pode prescindir de relacionamento muito harmonioso com o Congresso e respeitoso com o próprio Executivo, com o Legislativo e com o Judiciário, melhor dizendo, ainda mais neste momento que o Brasil está vivendo. O vice tem posição de aferimento e de trânsito com os poderes para auxiliar o presidente."
- 'Polarização' Haddad-Bolsonaro: "Esta questão é recorrente. Essa questão é a mais angustiante para todos os brasileiros neste momento. Há uma indefinição muito grande, há um percentual elevadíssimo de eleitores indefinidos, especialmente entre mulheres, e candidaturas que estão polarizadas que nenhuma representa a solução para o Brasil porque são riscos à institucionalidade, riscos à construção de um projeto que não vai dar certo, risco de você tornar o Brasil uma Venezuela, isso ninguém quer, essa radicalização, ou tornar o Brasil um país mais fechado e intolerante. [...] A crise que temos a partir de 2019 vai exigir um presidente com muito equilíbrio, cesno de administração e competência porque vai ser um ano difícil. [...] O acirramento que estamos vendo ser construído está levando a um caos muito problemático para todos nós. Chamar a atenção do eleitor e da eleitora: hora de pensar, olha a ficha do candidato, ver o que cada um está prometendo".
- Lava Jato: "A Lava Jato foi um divisor de águas no país. Primeiro, antes da Lava Jato, só pobres e negros, que não tinham bons advogados, iam para a cadeia. Pela primeira vez na história do país você viu poderosos, empreiteiros, líderes políticos, e o próprio ex-presidente da República, na cadeia. Isso não me agrada. Mas é a realidade e isso tem significado institucional para o país da maior relevância."
- Prisão após segunda instância: "Não é possível que em 2016 a Suprema Corte tenha deliberado, mantendo a prisão [após condenação] em segunda instância e dois anos depois ela [o ST] passe a mudar seu entendimento anterior. Este é um problema grave, dá insegurança jurídica. Isso foi em 2016, quer dizer, a Suprema Corte toma uma decisão, se arrepende e agora volta atrás? Como fica o estado democrático de direito? A Suprema Corte é a intérprete da Constituição e ela precisa dar à sociedade a segurança que não estamos tendo."
- Considerações finais: "Queria agradecer muito, Ricardo, Clarissa, aos meus companheiros Kátia Abreu e Eduardo Jorge, mas sobretudo os telespectadores que até agora continuam acompanhando este programa e esta entrevista. Quando aceitei o desafio, abrindo mão de mandato praticamente certo de oito anos de reeleição ao Senado, aceitei porque acreditei que a terceira via verdadeira é Geraldo Alckmin. Um governador de um estado que equivale a vários países, dada a relevância da sua economia. O que fez em saúde, em educação, em infraestrutura, em segurança, com a redução de homicídios, o que fez sobretudo três hospitais de atendimento às mulheres. E neste outubro rosa acredito sinceramente, depois que Alckmin e eu estivemos com Maria da Penha, sabemos o que fazer para mitigar a violência contra as mulheres. Esta é a pior doença que ataca a sociedade brasileira hoje. Mas é pensando nessas mulheres que têm câncer e não têm tratamento, e o que foi feito em São Paulo no combate ao câncer, nos hospitais que existem aqui, no setor público de São Paulo, que são uma referência para o Brasil. Ou que quando Sergipe precisou de água, São Paulo foi lá, Alckmin mandou os equipamentos daqui para resolver e isso depois de ter resolvido o grave problema de Cantareira. E é exatamente essa capacidade que tem de dialogar, de ajudar a população que me levou a aceitar o desafio de estar fazendo companhia como candidata a vice na chapa de Geraldo Alckmin. Um homem de ficha limpa, como eu. E é por isso que eu acredito que a socidade brasileira, e estamos caminhando para as últimas hora antes da eleição de 7 de outubro, é preciso uma reflexão muito profunda, olha a ficha de cada um dos candidatos, o que cada um está dizendo, o que cada um já fez e pode fazer pelo seu país. Porque quem governou São Paulo terá, sem dúvida, capacidade maior ainda de aceitar o desafio de comandar um país que entra em 2019 dilacerado entre 'nós e eles', um país que precisa de tolerância às diferenças religiosas, partidárias, raciais, de gênero, todas. O Brasil precis se reencontrar na esperança e na capacidade de crer que o Brasil será muito melhor do que é hoje. Geraldo Alckmin fará do Brasil um canteiro de obras, obras inacabadas que estão paradas no país inteiro. A 101, em Sergipe, a 116 entre Guaíba em Pelotas. E tantas obras serão retomadas porque Alckmin é a terceira via. O voto que precisa de você. A esperança que tem de fazer deste país um país melhor com emprego, educação e segurança de qualidade. Muito obrigada, mais uma vez, e espero que você use a cabeça e o coração para tomar a decisão certa no dia 7 de outubro. É 45. Geraldo Alckmin".